O (sur)real


Às vezes não é fácil fugir ao lugar–comum, quando a razão evidencia a coerência de uma determinada lógica e se conclui pelo que é óbvio para toda a gente. O que varia são as premissas, e quando elas divergem na realidade dos factos já não há lugar-comum, há pura conjetura, e assim, modestamente, hoje não…


Às vezes não é fácil fugir ao lugar–comum, quando a razão evidencia a coerência de uma determinada lógica e se conclui pelo que é óbvio para toda a gente. O que varia são as premissas, e quando elas divergem na realidade dos factos já não há lugar-comum, há pura conjetura, e assim, modestamente, hoje não comentarei o Brexit.

A história: numa vila de praia, numa noite amena de verão, em saboroso footing na companhia de um velho amigo que levava o seu cão. Cavaqueira continuada, com paragens aqui e acolá, eis que passando por uma espúria série de vivendas geminadas com portão e jardinzinho, somos de repente emboscados (é o termo!) por um cidadão que nos salta de um desses portões. “O senhor tem de apanhar a porcaria que fez o seu cão!”, ordenou ele ao meu amigo, estando nós cientes de que o labrador, um perfeito “cavalheiro inglês”, já tinha cumprido a sua nobre missão e que ali nada haveria a imputar-lhe. Decerto outro cão ali defecara, no pleno uso da sua necessidade. Ou só, ou com alguém mais deseducado nos costumes. Mas a verdade é que a criatura insistia, “eu vi da janela!”, e estava tomada por qualquer coisa estranha. “É sempre a mesma m… com os cães aqui à porta!” Era impossível argumentar. “Meu caro amigo, eu dou-lhe um saquinho destes e, se quiser, apanhe o senhor o cocozinho que ali está porque não foi o meu cão. Passe bem.” Surpreendentemente, o cidadão aceitou o saquinho e, à medida que nos íamos afastando, lá recolheu as fezes da revolta. Coisa insólita, aquela. Seria pelo saquinho? Há gente e loucura para tudo. Perdoem-me, mas foi o que me ocorreu para fugir ao Brexit.

Escreve à terça-feira


O (sur)real


Às vezes não é fácil fugir ao lugar–comum, quando a razão evidencia a coerência de uma determinada lógica e se conclui pelo que é óbvio para toda a gente. O que varia são as premissas, e quando elas divergem na realidade dos factos já não há lugar-comum, há pura conjetura, e assim, modestamente, hoje não…


Às vezes não é fácil fugir ao lugar–comum, quando a razão evidencia a coerência de uma determinada lógica e se conclui pelo que é óbvio para toda a gente. O que varia são as premissas, e quando elas divergem na realidade dos factos já não há lugar-comum, há pura conjetura, e assim, modestamente, hoje não comentarei o Brexit.

A história: numa vila de praia, numa noite amena de verão, em saboroso footing na companhia de um velho amigo que levava o seu cão. Cavaqueira continuada, com paragens aqui e acolá, eis que passando por uma espúria série de vivendas geminadas com portão e jardinzinho, somos de repente emboscados (é o termo!) por um cidadão que nos salta de um desses portões. “O senhor tem de apanhar a porcaria que fez o seu cão!”, ordenou ele ao meu amigo, estando nós cientes de que o labrador, um perfeito “cavalheiro inglês”, já tinha cumprido a sua nobre missão e que ali nada haveria a imputar-lhe. Decerto outro cão ali defecara, no pleno uso da sua necessidade. Ou só, ou com alguém mais deseducado nos costumes. Mas a verdade é que a criatura insistia, “eu vi da janela!”, e estava tomada por qualquer coisa estranha. “É sempre a mesma m… com os cães aqui à porta!” Era impossível argumentar. “Meu caro amigo, eu dou-lhe um saquinho destes e, se quiser, apanhe o senhor o cocozinho que ali está porque não foi o meu cão. Passe bem.” Surpreendentemente, o cidadão aceitou o saquinho e, à medida que nos íamos afastando, lá recolheu as fezes da revolta. Coisa insólita, aquela. Seria pelo saquinho? Há gente e loucura para tudo. Perdoem-me, mas foi o que me ocorreu para fugir ao Brexit.

Escreve à terça-feira