Mariano Rajoy
As eleições têm um claro vencedor: o chefe do governo. Apesar de o seu partido estar cada vez mais envolvido em casos de corrupção, os espanhóis preferiram uma força que já conhecem a dar um salto no escuro para a mudança. As sondagens não detetaram essa tendência. Estranhamente, ela estava inscrita nas pessoas. Numa reportagem que li na semana passada, havia um homem que estava desempregado, na terra com mais gente sem trabalho em Espanha, que dizia: “Acho que vou votar no PP, porque esses já sei o que são. Eu até gostava do Pablo Iglesias, mas disseram que está metido com a Venezuela.” E o PP ganhou 14 deputados.
Pedro Sánchez
Se houvesse um segundo vencedor, era o líder socialista. Um estranho vencedor que perdeu votos e cinco deputados. Mas umas eleições não são apenas a comparação com os resultados anteriores; muitas vezes, são sobretudo a comparação com as expetativas em relação à campanha eleitoral e às sondagens. O líder socialista foi para a batalha com um partido que supostamente seria ultrapassado pela coligação Unidos Podemos de Pablo Iglesias com a Esquerda Unida. Conseguiu manter o segundo lugar. A vitória é amarga, não só porque perdeu votos e deputados, mas porque vai provavelmente acabar a viabilizar um governo de Mariano Rajoy.
Pablo Iglesias
Foi vítima da sua estratégia de tudo ou nada. O partido de Iglesias não existia antes das europeias de 2014. Na altura teve cerca de 7% dos votos; hoje, o seu campo político é largamente superior a 20%. Mas os objetivos que colocou na campanha não foram atingidos: o Podemos não conseguiu ultrapassar o PSOE e a esquerda não teve mais votos e deputados que a direita. A soma de PP e Ciudadanos é superior à soma de Unidos Podemos com o PSOE. É uma grande derrota política. Acresce que o Podemos tem sido um partido que tem superado crises internas com base no seu avanço externo. Resta saber se depois deste resultado o consegue.
Albert Rivera
Foi a grande vítima do voto útil no PP, mas pode não ser o maior derrotado político destas eleições. É líder da força política que mais deputados perde, mas pode muito bem acabar no governo de Espanha ao lado de Mariano Rajoy. Com 95,41% dos votos escrutinados, os Ciudadanos tinham perdido 8 deputados, mas a soma dos eleitos da direita atingia 169 eleitos, menos sete deputados que a maioria absoluta. Há dois problemas para esse casamento feliz da direita: precisa da abstenção do PSOE para conseguir a maioria absoluta e Rivera vai ter de pedir várias vezes desculpa por ter dito que nunca iria para o governo com Mariano Rajoy.