O aviso de Paul Mason: “Isto não é uma crise da libra. É a primeira grande rutura na ordem institucional da globalização”

O aviso de Paul Mason: “Isto não é uma crise da libra. É a primeira grande rutura na ordem institucional da globalização”


Mason está convencido de que a demissão de David Cameron deve levar a uma suspensão das negociações de saída prevista no Artigo 50 até que haja um novo primeiro-ministro em funções


Paul Mason é jornalista do Guardian, realizador e membro do Partido Trabalhista Inglês. Mas acima de tudo é autor do livro “Pós-Capitalismo”, um guia para uma nova ordem que defende estar à beira de surgir depois das sucessivas crises que atacaram o capitalismo nos últimos anos e do surgimento de uma economia de partilha baseada nas redes sociais e na sociedade da informação. Agora, Mason reage ao Brexit na sua conta de Twiter, com um plano em cinco pontos para o que considera ser mais um sinal de que o modelo económico mundial está prestes a mudar.

“Isto não é uma crise da libra. É a primeira grande rutura na ordem institucional da globalização”, escreve Paul Mason, que conclui com “e é mau”.

Para reagir à crise, Mason criou um “ProgrExit”, um plano de ação em cinco pontos , que é, na sua opinião, “o que os partidos progressistas do Reino Unido devem fazer para lutar pela democracia e justiça social durante o processo do Brexit”.

E o que Paul Mason acha que é preciso fazer é: “Forçar eleições gerais dentro de seis meses”, tendo em conta que David Cameron já se demitiu do cargo de primeiro-ministro, apesar de ter anunciado que deverá ficar nos próximos três meses para assegurar a transição, este cenário de eleições antecipadas é provável.

Paulo Manson pedeao Labour, ao SNP/Plaid e aos Verdes que façam um pacto para manter o partido nacionalista UKIP fora do poder e para impedir um Governo de direita conservador de “destruir a legislação progressista”.

Terceiro ponto passa por iniciar negociações “detalhadas” em torno do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, o ponto – considerado muito vago – que define os termos e os períodos de uma eventual saída da União Europeia de um dos seus estados-membros. A ideia de Mason é que a negociação se prolongue até que um novo governo britânico esteja no poder.

De resto, Mason está convencido de que a demissão de David Cameron deve levar a uma suspensão das negociações de saída prevista no Artigo 50 até que haja um novo primeiro-ministro em funções.

De resto, o jornalista quer ver um governo de coligação entre o Partido Trabalhista, o SNP/Plaid e os Verdes para negociar os termos do Brexit, de preferência conseguindo que o Reino Unido se mantenha no Espaço Económico Europeu “se possível”. Mas, “em todos os casos”, mantendo a “legislação progressista” no que toca a direitos dos consumidores, proteção ambiental e direitos laborais.

O quinto ponto é problemático porque levanta uma questão que já foi colocada pela primeira-ministra escocesa e abre a possibilidade de uma desintegração do Reino Unido. Paulo Mason acha que um novo governo deve “convocar um segundo referendo escocês”, prevendo que não haverá quaisquer sanções no caso de a Escócia votar pela independência.

Recorde-se que os escoceses votaram maioritariamente pela permanência na União Europeia e, no recente referendo em que optaram por continuar no Reino Unido, a manutenção no espaço europeu foi um dos argumentos mais fortes contra a independência, numa votação renhida.