Na passada segunda-feira, o Senado dos Estados Unidos não aprovou várias propostas de lei apresentadas pelos democratas que tinham como principal objetivo conseguir restringir o acesso às armas no país. Apesar de a votação de um novo projeto-lei ter sido adiada para julho, a decisão não agradou aos democratas, que protestaram mais uma vez.
Ontem, e num protesto que durou mais de 24 horas, permaneceram sentados no chão da Câmara dos Deputados 168 dos 188 congressistas e 34 senadores, com o objetivo de convencer os republicanos a aceitarem votar uma legislação sobre o controlo de armas na Câmara dos Representantes.
O debate sobre a posse, venda e compra de armas reacendeu–se nos EUA depois do tiroteio em Orlando e os democratas prometem não desistir até que as suas propostas sejam aceites. As imagens do protesto foram transmitidas para todo o mundo através do Facebook Live e do Periscope, com os telemóveis de alguns dos presentes.
Durante as longas horas em que prometeram não abandonar o local, alguns democratas falaram aos presentes. “Sem lei, sem pausa”, ouvia-se. “Estaremos aqui o tempo necessário para conseguir que o projeto seja votado”, avançou a líder da minoria democrata, Nancy Pelosi.
“A nossa ação é pelos que não viram este dia, cujos dias foram levados em instantes por armas de violência”, disse a deputada democrata Steny Hoyer.
“Em algumas ocasiões devemos fazer algo fora do comum. Ficámos calados por tempo demais. Este é o momento. Não vamos ficar mais em silêncio”, publicou nas redes sociais John Lewis, deputado do estado da Geórgia, que liderou o protesto. O deputado fez ainda um discurso durante a noite. “Durante meses, anos, várias sessões no Congresso, pensei: O que é preciso fazer para que este órgão se mexa? […] Perdemos milhares de pessoas inocentes devido à violência com armas: crianças, bebés, estudantes e professores, mães e pais, irmãs e irmãos, filhas e filhos, amigos e vizinhos”, disse Lewis. “Onde está a nossa coragem? Quantas mães e pais ainda terão de chorar lágrimas de luto?”, acrescentou.
O presidente Barack Obama, que não esteve presente, mostrou a sua solidariedade através das redes sociais, agradecendo a Lewis pelo ato.
O protesto irritou os republicanos, que tentaram retomar a agenda de votações marcada para aquela noite, mas sem sucesso. Nesse sentido, o presidente do Congresso, o republicano Paul Ryan, avançou que o ato democrata não passava de “um golpe publicitário”.
O protesto acabou sem resposta concreta, com Ryan a dizer que os congressistas voltam apenas a 5 de julho. Nessa altura, avançou Lewis, os democratas vão voltar a bloquear as sessões e só quando for conseguida a votação terminam os protestos.