Boa parte da esquerda portuguesa quer que o Reino Unido vote pelo Brexit. A expetativa é que a Europa sofra um abanão que ponha termo às políticas orçamentais que permitem que a moeda única seja forte, capte investimento e controle a inflação.
Boa parte da esquerda não sabe viver com uma moeda forte e sem inflação. Prefere um escudo que possa desvalorizar para compensar, e disfarçar, o empobrecimento da população; prefere também a inflação, apenas possível com uma moeda de pouco valor, para subir salários como se de um ato de generosidade política se tratasse.
Em Portugal, estas são as expetativas da esquerda relativamente ao Brexit. Por sinal, muito diferentes dos muitos que, no Reino Unido, defendem a saída da União Europeia. Ora, e apesar de preferir que os britânicos se mantenham na União, quais são os argumentos dos que querem sair?
Muito simplesmente que Bruxelas impõe uma regulamentação laboral que dificulta a criação de emprego; que o Tribunal de Justiça da União Europeia tem demasiados poderes; que a PAC e os subsídios estruturais atribuídos a países como Portugal não foram revistos, ou até mesmo cancelados.
O problema no Reino Unido, além da imigração, não é que o seu governo deva gastar mais. Os britânicos sabem como uma libra forte é importante para manterem a sua soberania. O problema do RU relativamente à Europa é que esta não é suficientemente liberal. Ora, sabemo-lo bem, isto é precisamente o oposto do que pretende a esquerda que vai do PS aos comunistas e bloquistas.
Advogado