Subscrever um seguro de viagem é uma ideia tentadora para a maioria dos portugueses que estão a pensar sair do país, principalmente se considerarem que o destino escolhido poderá terá algum nível de risco. Mas nem sempre é a melhor opção, uma vez que, na maioria dos casos, está a duplicar coberturas. De acordo com a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), só compensa subscrever este tipo de produtos se partir para destinos exóticos sem pacote turístico; caso contrário, representa um gasto desnecessário.
Por isso mesmo, antes de partir analise os contratos dos seguros que tem – é o caso, por exemplo, do seguro automóvel e do seguro de vida – e também do cartão de crédito. A explicação é simples: na maior parte dos casos, os seguros de viagem pouco acrescentam às proteções de que já dispõe por outras vias e pode evitar deitar dinheiro à rua.
A verdade é que a maioria dos consumidores desconhece se as garantias que são subscritas neste tipo de seguros já estão contempladas noutros produtos. É o caso, por exemplo, do cartão de crédito. As anuidades de muitos cartões de crédito integram uma série de seguros, entre os quais a assistência em viagem, dos acidentes pessoais aos danos causados a terceiros, passando por assistência médica e repatriamento. Algumas incluem no seguro todo o agregado familiar. Mas atenção: há casos em que o seguro só é válido se pagar o bilhete da viagem com o cartão. O melhor mesmo é informar-se sobre as vantagens do seu cartão, que lhe podem poupar umas dezenas de euros em seguros.
O mesmo acontece com a cobertura de bagagens, uma vez que os cartões de crédito também contemplam esse imprevisto. Exclui, no entanto, dinheiro, cheques, cartões, joias, telemóveis e máquinas fotográficas e de filmar. Um seguro que contemple só a cobertura de bagagens é, na maior parte dos casos, limitado e pouco interessante. Regra geral, é ativado quando as malas estão à guarda da transportadora ou do hotel e paga até 750 euros por objeto.
Outros produtos A duplicação não acontece apenas com o cartão de crédito. O seguro de acidentes pessoais – que indemniza por morte ou invalidez permanente e paga as despesas de tratamento e funeral em caso de acidente –, o seguro de vida, que a maioria dos portugueses contrata no crédito à habitação, e o cartão europeu de seguro de doença beneficiam da mesma proteção e, ao mesmo tempo, poupa algum dinheiro extra.
O mesmo acontece com a assistência em viagem, já que a que é oferecida no seguro de viagem é idêntica à do automóvel e este último produto é válido em qualquer parte do mundo, mesmo que viaje de avião ou de comboio. Ou seja, paga custos médicos, farmacêuticos, transporte e repatriamento de feridos ou doentes e deslocação de um familiar quando a hospitalização se prolonga. Paga também encargos com crianças em caso de falecimento ou hospitalização do segurado, localização e transporte de bagagens e adiantamento de dinheiro para artigos essenciais, entre outros.
Evitar problemas No caso de não ter essas coberturas previstas noutros produtos ou de não ter pago a viagem com cartão de crédito, subscrever um seguro de viagem pode fazer toda a diferença. No fundo, deve subscrever este produto se vai para fora da Europa por conta própria e não tem assistência em viagem automóvel ou a apólice está em nome de outra pessoa que não viaja consigo. Nessa altura deve contratar um seguro de viagem com as coberturas de acidentes pessoais e assistência em viagem. O mesmo deve fazer se vai para países instáveis, como o Egito, a Tunísia ou a Turquia.
Não se esqueça de que o valor do seguro varia muito consoante as coberturas previstas, o destino e a duração da viagem, e até o tipo de desportos que pretende praticar nas suas férias. O ideal é fazer várias simulações nos sites das seguradoras antes de optar por um produto.