Na véspera de uma reunião decisiva de ministros das finanças europeus, que vai discutir o adiamento das sanções a Portugal e Espanha decidido pela Comissão Europeia em maio, o ministro das Finanças ensaiou os argumentos contra penalizações ao país, perante sinais de pressão na Europa.
O Ecofin vai discutir hoje as sanções e ontem, no habitual Eurogrupo que reúne apenas os ministros da zona euro, o ministro das Finanças aproveitou para reunir a sós com o comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici.
De acordo com o próprio Moscovici, citado pela “TSF”, o encontro serviu para os dois ministros verem “como pode proceder-se da melhor forma”, conseguindo “os melhores resultados” para o país.
“Esta manhã, tive um encontro bilateral com o ministro Centeno, para ver como pode proceder-se da melhor forma, para conseguir os melhores resultados para Portugal e para a zona euro”, avançou o comissário, lembrando que “no que diz respeito a Portugal tomámos algumas decisões, que foram discutidas e continuam a ser discutidas. Vamos voltar a isso no início de julho”.
Mais tarde, Centeno garantiu que as sanções não foram discutidas no encontro bilateral com Moscovici. “As sanções não foram tema desta conversa, estivemos focados naquilo que são os dados, e é isso sobre o qual eu tenho que responder, quer perante a Comissão, quer, em Portugal, perante os portugueses”, afirmou.
Segundo Centeno, a reunião com Moscovici serviu para “dar a conhecer aquilo que é a evolução económica e financeira e das finanças públicas portuguesas”. O ministro frisou ainda que, na questão das sanções, a análise será feita à execução orçamental entre 2013 e 2015. “Aquilo que eu falei hoje aqui foi sobre o presente e o futuro, é isso que nos interessa e é nisso que estamos focados (…) A minha grande preocupação é a execução orçamental e os compromissos que eu e o governo assumimos. As sanções ou não sanções decorrerão de um processo legal e de um processo de análise que está a ser feito”, disse.
Centeno admitiu, contudo, que houve “oportunidade de trocar impressões sobre aquilo que é a situação económica e financeira de Portugal, em particular na dimensão orçamental, com os números que têm vindo a ser publicados relativamente ao défice”. Centeno reiterou que os dados do primeiro trimestre mostram que o país está “totalmente em linha com esse objetivo” e os dados mais recentes de abril e maio reforçam essa expetativa. Sobre a reunião de hoje do Ecofin, o ministro referiu apenas que “se o assunto for abordado”, limitar-se-á a “fazer a apresentação e a defesa daquilo que é a execução orçamental em Portugal”.
Aviso do fundo de resgate Mas a pressão da Europa é evidente. O presidente do Eurogrupo já se manifestou contra o adiar das sanções, tal como o ministro das Finanças alemão.
Ontem, um relatório do Mecanismo Europeu de Estabilidade, o fundo de resgate da Zona Euro, veio deixar ainda mais pressão, deixando vários avisos a Portugal. “As perspectivas orçamentais desafiantes, a par com a recente turbulência no mercado de obrigações portuguesas, não dão margem para desvios ao caminho de reformas”, indica o relatório anual, que acrescenta: “A reversão de algumas reformas implementadas durante o programa de ajustamento vão reduzir a competitividade de Portugal”.