Trump, o absurdo candidato


A não eleição de Trump é também decisiva para a defesa da nossa democracia, da liberdade, e para a própria retoma da Europa


Para o caso é igual, mas tenha sido da profundidade gótica de Donald Trump, do imaginário de apocalipse do seu chefe de campanha, ou parido por qualquer sinistra múmia renascida das cinzas do macartismo, inventar um país em desconstrução à beira do desastre, e a necessitar de um caudilho, contra toda a evidência, é obra de génio. Génio do mal, mas é obra.

Trump sustenta a sua existência política numa gigantesca mentira, difundida e vulgarizada de forma histérica, que galopa de forma desenfreada perante o eleitorado mais ignorante, estimulado emocionalmente por uma mistura de espasmos argumentativos de uma lógica infantil, com ódio, preconceitos e medo, elementos a partir dos quais os norte-americanos devem olhar o seu país e observar o mundo.

Donald é anticivilização, é o retrocesso populista, um fundamentalista que não tem nada para oferecer, a não ser diabolizar outras culturas, castigar outros povos e punir outras raças, tudo em nome de uma América superior, de um deus maior e de uma história e direitos ungidos. Trump é o fascista americano e, ao contrário do que possa passar despercebido, partilha na sua retórica linhas de propaganda ideológica comuns ao Daesh.

Para ambos, a verdade é um pormenor descartável e a mentira uma ferramenta indispensável para impor a sua visão de missão. Donald Trump é a sucursal norte-americana adaptada do Daesh.

Mas não é um fenómeno só americano, não tenhamos ilusões. A simpatia pelo imaginário que ele projeta de líder determinado a fazer o que for necessário para estabelecer uma nova ordem mundial tem milhões de adeptos em todo o mundo, incluindo na Europa.

A campanha de Trump é uma operação de propaganda que, pelo que inventa, pelo que faz presumir (não transmite uma ideia, transmite a suposição de que aquilo é uma ideia) e pela mensagem que faz passar ficará para a história do marketing politico.

Donald diz ”vamos tornar a fazer a América grande”. Como se os EUA estivessem em colapso. Um país que, só com 4% da população mundial, representa 22% do PIB mundial. Que saiu da crise financeira primeiro que ninguém, que tem uma taxa de desemprego de 5%. Que lidera todos os setores da atividade económica, desde a investigação médica à inovação militar e espacial.

Para além disso encabeça duas revoluções-chave: a energética, em que é autossuficiente; e a revolução digital, em que vai em primeiro lugar.

As 10 maiores empresas do mundo são americanas, a sua moeda é a reserva que usam todos os países do mundo. As suas universidades não têm rival. O seu idioma é universal, domina a indústria do entretenimento e da produção de notícias.

Trump diz, “vamos fazer com que respeitem a América”. Um país que conta com tratados de segurança, aliados e bases militares por todo o planeta, desde o Japão à Austrália. Os EUA representam 50% do gasto militar mundial, mais que todos os seus rivais juntos.

Com 10 porta-aviões (a China só tem um), patrulha todos os oceanos e garante os fluxos comerciais que alimentam a globalização.

Mentiras e manipulações de Trump, um homem perigoso que representa o pior da história humana, uma oligarquia sedenta de poder absoluto a qualquer preço, mas que também é consequência do enfraquecimento das democracias.

Trump, o homem do cabelo esquisito, candidato republicano, que quer construir um muro entre o México e os Estados Unidos, que tem a profundidade intelectual de uma bola de ténis e o refinamento político de um dinossauro, mesmo que perca em novembro, realmente já ganhou.

Porque para além das explicações sobre as distorções da realidade, a ignorância e os medos que levam milhões de cidadãos a votar nele, o absurdo de que tenha sido possível chegar até onde chegou é a prova mais clara disso.

A sociedade civil e as redes sociais têm na eleição do presidente dos Estados Unidos uma batalha onde se podem envolver de forma inovadora e criativa.

A não eleição de Trump é também decisiva para a defesa da nossa democracia, da liberdade, e para a própria retoma da Europa. O mundo está demasiado perigoso. A indiferença é um luxo a que não nos podemos permitir.


Trump, o absurdo candidato


A não eleição de Trump é também decisiva para a defesa da nossa democracia, da liberdade, e para a própria retoma da Europa


Para o caso é igual, mas tenha sido da profundidade gótica de Donald Trump, do imaginário de apocalipse do seu chefe de campanha, ou parido por qualquer sinistra múmia renascida das cinzas do macartismo, inventar um país em desconstrução à beira do desastre, e a necessitar de um caudilho, contra toda a evidência, é obra de génio. Génio do mal, mas é obra.

Trump sustenta a sua existência política numa gigantesca mentira, difundida e vulgarizada de forma histérica, que galopa de forma desenfreada perante o eleitorado mais ignorante, estimulado emocionalmente por uma mistura de espasmos argumentativos de uma lógica infantil, com ódio, preconceitos e medo, elementos a partir dos quais os norte-americanos devem olhar o seu país e observar o mundo.

Donald é anticivilização, é o retrocesso populista, um fundamentalista que não tem nada para oferecer, a não ser diabolizar outras culturas, castigar outros povos e punir outras raças, tudo em nome de uma América superior, de um deus maior e de uma história e direitos ungidos. Trump é o fascista americano e, ao contrário do que possa passar despercebido, partilha na sua retórica linhas de propaganda ideológica comuns ao Daesh.

Para ambos, a verdade é um pormenor descartável e a mentira uma ferramenta indispensável para impor a sua visão de missão. Donald Trump é a sucursal norte-americana adaptada do Daesh.

Mas não é um fenómeno só americano, não tenhamos ilusões. A simpatia pelo imaginário que ele projeta de líder determinado a fazer o que for necessário para estabelecer uma nova ordem mundial tem milhões de adeptos em todo o mundo, incluindo na Europa.

A campanha de Trump é uma operação de propaganda que, pelo que inventa, pelo que faz presumir (não transmite uma ideia, transmite a suposição de que aquilo é uma ideia) e pela mensagem que faz passar ficará para a história do marketing politico.

Donald diz ”vamos tornar a fazer a América grande”. Como se os EUA estivessem em colapso. Um país que, só com 4% da população mundial, representa 22% do PIB mundial. Que saiu da crise financeira primeiro que ninguém, que tem uma taxa de desemprego de 5%. Que lidera todos os setores da atividade económica, desde a investigação médica à inovação militar e espacial.

Para além disso encabeça duas revoluções-chave: a energética, em que é autossuficiente; e a revolução digital, em que vai em primeiro lugar.

As 10 maiores empresas do mundo são americanas, a sua moeda é a reserva que usam todos os países do mundo. As suas universidades não têm rival. O seu idioma é universal, domina a indústria do entretenimento e da produção de notícias.

Trump diz, “vamos fazer com que respeitem a América”. Um país que conta com tratados de segurança, aliados e bases militares por todo o planeta, desde o Japão à Austrália. Os EUA representam 50% do gasto militar mundial, mais que todos os seus rivais juntos.

Com 10 porta-aviões (a China só tem um), patrulha todos os oceanos e garante os fluxos comerciais que alimentam a globalização.

Mentiras e manipulações de Trump, um homem perigoso que representa o pior da história humana, uma oligarquia sedenta de poder absoluto a qualquer preço, mas que também é consequência do enfraquecimento das democracias.

Trump, o homem do cabelo esquisito, candidato republicano, que quer construir um muro entre o México e os Estados Unidos, que tem a profundidade intelectual de uma bola de ténis e o refinamento político de um dinossauro, mesmo que perca em novembro, realmente já ganhou.

Porque para além das explicações sobre as distorções da realidade, a ignorância e os medos que levam milhões de cidadãos a votar nele, o absurdo de que tenha sido possível chegar até onde chegou é a prova mais clara disso.

A sociedade civil e as redes sociais têm na eleição do presidente dos Estados Unidos uma batalha onde se podem envolver de forma inovadora e criativa.

A não eleição de Trump é também decisiva para a defesa da nossa democracia, da liberdade, e para a própria retoma da Europa. O mundo está demasiado perigoso. A indiferença é um luxo a que não nos podemos permitir.