Os feriados foram um pretexto para parar. Eu fi-lo e, quando o faço, desligo total e completamente. Não há telemóvel nem computador. Descansar não é não fazer nada, mas será, com certeza, viver devagar. Num destes dias de descanso, acabei por ver a segunda parte dum jogo de futebol do campeonato da Europa. A enorme sala do hotel onde estive, mantida com a decoração dos anos 20 e 30 do século passado, estava vazia. Ao meu lado apenas um outro hóspede sentado defronte do televisor e de olhos postos no telemóvel.
Não sei o que fazia, mas o aparelho não parava e apenas permitia ao seu dono olhar para o jogo quando, pelo relato, percebia que algo tinha acontecido. Com sorte, via a repetição. Já todos presenciámos comportamentos semelhantes. A incapacidade de algumas pessoas se concentrarem mais de cinco minutos no quer que seja é atroz. Já nem mesmo um jogo de futebol na televisão as domina.
Não é novidade nenhuma que se vive demasiado depressa. O que quero saber é como vão sair desta armadilha as pessoas que nela caíram. As livrarias estão pejadas de livros de autoajuda para aumentar a atenção e melhorar a qualidade de vida. Quando o hotel onde estive foi feito, a vida era vivida mais lentamente porque não existiam as tecnologias de hoje. Estas são indispensáveis e, antes, as dificuldades eram muitas. Mas com a necessidade que temos de priorizar o que é importante, pergunto-me se um dia destes a maioria não olhará para trás para aprender a viver doutra forma as facilidades do presente.
Advogado