O primeiro episódio já foi. A quarta e última temporada de Mr. Selfridge arrancou na semana passada na Fox Life e vai acabar mal – como acabou Harry Selfridge, o inventor do primeiro grande armazém londrino na Oxford Street. Isto não é um “spoiler”: a série inspira-se na biografia de Selfridge e Selfridge acabou mal.
Quem seguiu a série desde o episódio 1 temporada 1 vai encontrar aqui mudanças. Já estamos em 1928 (a série começou em 1908) e os filhos de Mr. Grove estão crescidos – até o mais novo que não é filho dele está grande e a mais velha, que Grove quer que seja professora, acaba a trabalhar no Selfridges. Se é verdade que as crianças cresceram, na realidade o trabalho de caracterização dos adultos na série é muito simpático: vinte anos passaram por todas as personagens sem que praticamente uma ruga seja visível. Há evolução no estilo de vestuário, na moda – ou não fosse “Mr Selfridge” uma série centrada na biografia de um magnata de moda – mas ninguém envelheceu um milímetro. Ou quase.
Lady Mae, agora divorciada do pavoroso Lord Loxley (arqui-inimigo de Harry Selfridges), regressa de Paris e tenta vender as acções do Selfridges que comprou ao ex-marido. Está sem dinheiro nenhum. Harry oferece-lhe emprego no Selfridges – Mae não aceita (para já, resta saber o que aí vem). Onde Harry está completamente à vontade – e Lady Mae já se percebeu que não – é no bar-casinodo seu antigo funcionário (e quase futuro genro) Victor Colleano.
Entram em cena as “Dolly Sisters” que têm tudo para causar ainda mais distúrbios à mente complexa de Harry Selfridge. Devastado pela viuvez em jovem, Harry teve um novo choque na terceira temporada da série, quando se apaixonou perdidamente por Nancy Webb, que se revelou ser uma notória vigarista e cujo projecto de “reabilitação de casas” não era mais do que uma ideia para sacar dinheiro a Selfridge. Embora Nancy tenha aparecido como a má da fita arrependida, Harry não quer ouvir falar mais nela. Nesta última temporada, Selfridge está convictamente empenhado, ao que parece, em não se deixar vigarizar novamente, pelo menos da mesma maneira. As “Dolly Sisters” vão ser uma maneira alternativa de Harry Selfridge rebentar com a sua fortuna. Vai apaixonar-se por Jenny Dolly e tudo vai acabar mal. Jenny partilha com Harry o vício do jogo e já se sabe que o homem que fez fortuna vindo do nada acaba na bancarrota.
A série é baseada numa biografia do “inventor” da Oxford Street, da autoria de Lindy Woodhead, chamada “Shopping, Seduction & Mr Selfridge”. Harry Gordon Selfridges nasceu no Wisconsin em 1858 e acabou por morrer em Londres em 1947. Perdeu boa parte da sua fortuna com a Grande Depressão e foi forçado a sair do conselho de administração em 1941. Já sem dinheiro, deixa as mansões londrinas onde viveu desde 1909 e muda-se para Putney, arredores de Londres, alugando uma casa de três assoalhadas onde viverá até à morte com a minha mais velha, Rosalie.
Harry morre pobre, mas velho, aos 89 anos, vítima de pneumonia.