Estes oito que aqui seguem podem não ser donos dessa dimensão ainda que, se fosse para apostar, diríamos que farão igual ou melhor que os anteriores. Sublinhe no cartaz para não os perder. Se não gostar envie as suas reclamações, não faremos reembolso.
Roosevelt – Palco Pitchfork, dia 10, às 02h45
Marius Lauber, ainda que se aproprie deste nome artístico, tem pouco de americano. O artista alemão, nascido em Colónia, é pouco dado a estéticas, pelo que para ele juntar voz e produção não tem nada de mal, se sabe cantar porque não cantar, se sabe produzir porque não produzir. Perguntas a que, em podendo, talvez decidisse ignorar. Roosevelt é gente simples, não que isso seja mau, é synth-pop que vai bem em final de tarde ou de noite, consoante o lado para que estejamos virados. Aqui é coisa para final de noite, para sabermos estar em paz, calmos com o que nos rodeia. O alemão estreou-se com o EP “Elliot” em 2013 e tem disco de estreia a ser editado em Agosto pela Greco-Roman e City Slang.
The Black Madonna – palco pitchfork, dia 10, às 04h00
O nome basta para podermos vislumbrar pedaços de ativisimo, de intervenção, que esta mulher mete nos pratos. Marea Stamper é mais que house e remixes e vozes que levamos para a cama, que sobrevivem à noite. Ainda que possa ser isso, é DJ e produtora com preocupações maiores, com tatuagens, frases e t-shirts, tudo faz sentido. Além dos singles que já viraram hits, como “Stay” ou “Exodus”, The Black Madonna pede aos outros músicas que considera urgentes, não só para dançar. É a primeira diretora criativa do importante Smart Bar, em Chicago, desde 2013. Lugar que desde aí reflete o seu estilo de curadora, com nomes que vão de DVS1 a Honey Dijon. Isto tudo para fechar dia 10.
Floating points (live) – palco atp, dia 10, 22h00
Este doutor não dá licença. Sam Shepherd é o que quer ser, quando lhe dá para ser. No Parque da Cidade será Floating Points, produtor que nos atira para uma eletrónica divergente, que ocupa, sem demoras nem burocracias, o ambiente em que se inscreve e vai fazê-lo modo live, não há ca DJ sets para ninguém. Em 2015 editou “Eleania” o seu primeiro disco, que deve ocupar grande parte da sua atuação no Palco ATP. Convém dizer que não fosse isto podia ser o neurocientista de profissão que é – coisa que também leva, por certo, para palco – ou a Floating Points Ensemble, orquestra/banda que lidera noutros dias. A sua eletrónica é sobretudo sua, com pontes com o jazz mas mais livre que qualquer estilo.
Parquet Courts – Palco SUper Bock, dia 9, às 00h
Se ainda não conhece estes quatro algo não bate certo. Se a desculpa for distração mais grave se torna, é que os Parquet Courts são dos conjuntos mais irreverentes dos nossos dias. São de Denton, Texas, mas já há algum tempo se mudaram para Brooklyn, de onde tudo beberam para “Human Performance”, um dos discos do ano até ao momento. Classificá-los pode-se tornar confuso, digamos apenas que são eternos revivalistas, entre um rock saído de uma garagem que já não existe e um indie preocupado, a dizer o que tem que ser dito. Já estiveram em vários festivais no país e agora estreiam-se no NOS Primavera com promessas de um momento para recordar. Se assim não for assumimos a culpa.
U.S. Girls – palco NOS, dia 9, às 17h55
O estranho, em Meghan Remy, é a demora. A injustiça de apenas ao sexto disco ser reconhecida. “Half Free”, editado em 2015 pela 4AD, lançou a artista de Toronto para um pseudo novo início de carreira. Só que o passado nem sempre fica para trás, porque tudo importa, porque não teria chegado aqui de outra maneira. Sempre de forma indepedente foi clarificando que U.S. Girls é contraditório porque Meghan Remy é só uma, ainda que possa bem representar todas as outras, ou, pelo menos, aquelas que neste registo de rasgar papéis e contratos se inscrevem. O experimentalismo de se ser dona e senhora do que se quer fazer refletem-se na sua sonoridade. Sempre incómoda e onde se gosta de estar.
Car Seat Headrest – Palco pitchfork, dia 11, às 21h15
Will Toledo é a maior bandeira desta geração que não está bem em lado nenhum, que nada deseja, que tudo deita fora. Começou em 2010, a fazer do banco de trás do seu automóvel estúdio improvisado, onde, apenas na companhia da guitarra, foi gravando discos atrás de discos. Foi tudo para o seu bandcamp até que a Matador decidiu que não o podia deixar fugir. Juntou uns amigos que partilham o seu problema de sociabilidade e jamais voltou ao parque de estacionamento de que tanto gostava. “Teens of Style”, em 2015 já previa que os Car Seat Headrest seriam heróis dos novos tempos. “Teens of Denial” só o confirma. Ainda que ser herói, hoje, seja ser depressivo.
Protomartyr – Palco Pitchfork, dia 10, às 00h00
Não é propriamente a banda tipo de Detroit, daí, talvez, o seu som pouco comum. Em 2014, com “Under Color of Official Right”, segundo disco, deram sinais que o post-punk nem sempre precisa de ser moribundo e pouco atraente. Com “The Agent Intellect” deram um passo gigante, tornaram-se mais densos, piscaram o olho à estrada que agora também passa pelo Porto. A voz de Joe Casey, meio para o grave a querer ser desconcertante, é parte importante da sonoridade destes rapazes. Afiguram-se portanto como segredo mal guardado, mas que por certo continua a não ser dos nomes mais sonantes do cartaz. Tocam à meia-noite, onde o post-punk deve estar.
Chairlift – Palco NOs, dia 11, às 20h00
Todos sabemos e dançamos “Ch-Ching” como se fosse tema com três anos e tal. Só que nem tanto, ainda que se tenha agigantado em 2015, o tema é de janeiro de 2016, data de edição de “Moth”, pela Columbia. Os Chairlift são dois e mais do que suficientes para terem catalisado esses ritmos dançáveis dos sintetizadores numa das mais interessantes descobertas que este mundo alternativo encontrou. Daí que já se espera boa casa durante o seu concerto, daí que Caroline Polachek e Patrick Wimberly sejam bem rapazes de nos garantir um concerto em que o mais provavél é acabarmos bem longe de onde começámos. O synth-pop, sobretudo o seu, tão desestabilizador, tem destas coisas.