Em finais de maio de 1975, em plena recuperação da operação realizada em Londres, Sá Carneiro vem secretamente a Lisboa para o conselho nacional do PSD. De acordo com a autora, fica em casa de Rui Machete. Ainda cansado, Sá Carneiro deita-se cedo. De repente ouve um burburinho vindo da sala. Alguém abre a porta e é Marcelo Rebelo de Sousa, azougado e lépido, que entra pela casa dos Machete como um furacão. Ouviu que Sá Carneiro está em Portugal, mas não sabe se é verdade. Ninguém se descose e Marcelo sai de orelha murcha. Conta-se que Sá Carneiro se riu perante a dúvida ansiosa de Marcelo.
Este episódio é revelador da personalidade do Presidente da República. Não interessa aqui apreciá-la, se boa ou má. Apenas constatar que assim é: ansioso. E goste-se ou não, o seu mandato será, está a ser marcado por essa particularidade. Foi a rapidez com que aceitou a demissão do chefe de Estado- -Maior do Exército, no seguimento da discriminação dos alunos homossexuais no Colégio Militar. Foram as afirmações dúbias sobre a duração da presente legislatura. Marcelo fala demais, mexe-se demais. Diz-se um Presidente hiperactivo. Eu, que nunca fui cavaquista, preferia os silêncios de Cavaco, que não comprometiam, mas punham o dedo na ferida.
Advogado