ADSE. Nova tabela de preços entra em vigor só nas cirurgias

ADSE. Nova tabela de preços entra em vigor só nas cirurgias


Subsistema recua no pagamento das próteses e adia alterações nos preços das TAC e ressonâncias


Depois de semanas de contestação e negociações de última hora, a nova tabela de preços da ADSE entra hoje a vigor mas só a meio gás. Das medidas que tinham sido anunciadas pelo subsistema de saúde dos funcionários públicos, só avançam as revisões no pagamento de cirurgias. 

A ADSE criou preços compreensivos que fazem com que os privados passem a faturar as cirurgias como um todo e não cobrando os elementos à parte. Já o copagamento dos beneficiários nesta área sobe de 20% para 25%. Em entrevista ao i, o diretor-geral da ADSE assegurou que, na maioria das operações, os beneficiários pagarão menos. Será contudo necessário apreciar caso a caso.

O exemplo dado na altura por Carlos Liberato Baptista era de que, até aqui, intervenções oftalmológicas para colocação de uma lente custavam entre 1100 e 4000 euros, sendo que os utentes pagavam 20% do valor final. Com a nova tabela de preços, os doentes passam a pagar 25% de um valor fixo, neste caso 1250 euros.

Copagamento das próteses cai Ontem ao final do dia o site da ADSE só tinha sido atualizado para confirmar oficialmente que a direção-geral deixou cair o copagamento que tencionava exigir aos beneficiários quando tivessem de colocar próteses intra-operatórias (estava em causa um copagamento até 200 euros). A restante tabela, lia-se, entrava em vigor a 1 de Junho. Artur Osório, presidente da Associação Portuguesa deHospitalização Privada, confirmou ao i que a nova tabela avança na cirurgia. “Criticamos essencialmente a forma deselegante como a ADSE geriu o processo, apanhando de surpresa o sector com quem vinha a negociar”, reitera o responsável.

Já a Associação Nacional de Unidades de Diagnóstico pela Imagem (ANAUDI), que representa 200 prestadores que fazem exames médicos para beneficiários da ADSE, revelou ter recebido um email a confirmar que nesta área a entrada em vigor foi suspensa – estava em causa cortes nos preços das TAC e ressonâncias magnéticas.

O i tentou confirmar esta indicação junto do Ministério da Saúde, sem sucesso até ao fecho da edição. Armando Santos, presidente da ANAUDI, indicou que o email chegou no dia de ontem, na sequência de uma reunião entre a ANAUDI e o subsistema na semana passada. Nesse encontro, a associação propôs a criação de um grupo de trabalho para estudar alternativas a uma racionalização da despesa, sugestão que ontem a ADSE confirmou formalmente ter aceite. A ANAUDI tinha escrito ao ministro da Saúde para intervir e agilizar o diálogo gerado pelo anúncio de cortes que não tinham sido negociados e chegou publicamente a falar-se de um boicote, embora Armando Santos garanta que não houver qualquer ameaça ao ministério. Armando Santos entende que, directa ou indirectamente, a intervenção do ministro da Saúde terá sido importante no processo e congratula-se com a decisão de envolver os prestadores. Segundo o email recebido pela associação, a ADSE espera que o grupo de trabalho comece a reunir e que as alterações que vierem a ser definidas possam entrar em vigor a 1 de Julho.

Racionalizar não é cortar A ADSE previa uma poupança de 4 milhões de euros e indicou que os beneficiários gastariam por seu turno menos um milhão de euros, o que significaria que os privados iam perder 5 milhões de faturação. Armando Santos revela que as medidas de racionalização que vão propor não passam por cortes nos preços mas por uma reorganização do subsistema. “O problema da ADSE é que não controla o que prescrevem os prestadores privados. No SNS, isso está controlado com normas clínicas seguidas nos serviços”, explica o responsável. Introduzir maior rigor e uniformizar os critérios clínicos, evitando-se a redundância de exames, é uma das propostas da ANAUDI.

Artur Osório já tinha feito observações idênticas. “Devia haver um modelo em que os beneficiários têm um médico de assistente em vez de, muitas vezes, andarem de consulta em consulta e de hospital em hospital a repetir os exames sem haver um acompanhamento clínico integral”, disse ao i.