Euro’16. Ronaldo está a esticar a corda outra vez?

Euro’16. Ronaldo está a esticar a corda outra vez?


No Mundial de 2014 o português também não jogou nas melhores condições e Portugal nem da fase de grupos passou


Há uma imagem que fica na cabeça da final da Liga dos Campeões (LC) de anteontem que fica na cabeça: não a celebração eufórica de Cristiano Ronaldo depois de marcar o penálti decisivo que deu a “undécima” aos merengues diante do Atlético de Madrid, mas sim a de um craque português que não está na melhor forma física apesar de se ter tornado o único português a conquistar o tri da LC e tantos outros recordes – ficou a faltar o recorde de 17 golos na sua prova (fez 16 este ano), um feito com dois anos que pertence ao madeirense.

 Não foi tão explosivo ou exuberante como costuma ser, tendo apenas surgido aos 78’ e aos 94’, que, na verdade, foram as melhores oportunidades da sua equipa para desfazer o empate (1-1) que evitaria o prolongamento. Só que a vontade de estar sempre presente falou mais alto.

 Na passada terça-feira apanhou um “susto” num treino em Espanha depois de ter saído lesionado, mas Ronaldo esclareceu logo que estava tudo também – tal como o seu treinador, Zinedine Zidane, que garantiu que o avançado estava “a 100%”. Mas esse “susto” foi mesmo real em abril deste ano, depois de Ronaldo se ter lesionado na coxa direita, o que obrigou a falhar três jogos nesta temporada, incluindo a primeira mão das  meias-finais frente ao Manchester City. Também nessa altura Ronaldo desdramatizou: “don’t worry, be happy”, escreveu na sua conta oficial de Instagram.

A época passada só falhou dois, mas há dois anos, quando o Real também venceu a liga milionária, falhou nove partidas, segundo as contas do site “Transfermarkt”.

Ora foi precisamente nesse ano que  a seleção portuguesa rumou ao Brasil para disputar o Mundial, onde foi eliminada na fase de grupos – Ronaldo foi o herói no jogo decisivo de qualificação frente à Suécia. E na temporada 2013/14,  ano em que também venceu a sua terceira Bola de Ouro, o português chegava à terra do samba desgastado pelas lesões (a mais grave no joelho esquerdo ) depois de ter batido vários recordes – chegou aos 400 golos na carreira, 59 com a camisola do Real, que lhe deu o prémio  de melhor marcador da liga mesmo sem ter vencido o título do campeonato. Uma época que culminou em Lisboa, na final da LC, onde jogou “limitado”, como o próprio admitiu na altura à agência “EFE”. “Estou limitado mas arriscar por uma final vale sempre a pena”, disse. Valeu pelo triunfo, não tanto pela sua forma física.

Um mês depois, estaria no Brasil. Fez um  golo (e único em toda a  prova) no último jogo contra o Gana (2-1), depois de um primeiro jogo catastrófico diante da Alemanha (4-0) e de um empate contra os Estados Unidos da América (2-2), em que ficou em branco. Nessa partida, Ronaldo demonstrou, para o bem e para o mal, como é que vê o futebol. “Nos últimos tempos não tenho estado da maneira que esperava. Para mim era fácil, bastava não vir ao Mundial e tinha terminado a época com título de campeão europeu. Estou aqui e dou a cara, como sempre”.

A mensagem transversal dos jogadores e da equipa técnica de Portugal é que este o Europeu de França é para vencer. Mas o craque de 31 anos, que é conhecido por ir sempre à luta, pode não conseguir ajudar o seu país a obter um título que nunca alcançou.

Mas é preciso dar a cara, ou não fosse ele um dos melhores jogadores do mundo – que ajudou Portugal a chegar à final perdida no Euro 2004 ou às meias finais há quatro anos, e que é também o melhor marcador de sempre (56 golos). Porque se “estivessem todos ao nível dele” – uma crítica que fez em fevereiro deste ano ao seu plantel durante após derrota com o Atlético de Madrid (1-0) -, tudo poderia ser diferente. Ou não?