A greve dos estivadores já causou prejuízos de vários milhões, mas nem só os números preocupam. Com poucas alternativas de transporte e grande dependência da via marítima, Açores e Madeira apelam ao bom senso e pedem uma solução.
Uma das situações mais preocupantes aconteceu quando o governo regional da Madeira se viu obrigado a pedir ajuda à Força Aérea de forma a garantir stock de medicamentos. Como Miguel Albuquerque, presidente do governo regional da Madeira, explicou ao i, “as dificuldades sentidas não são difíceis de identificar, quando estamos a falar de um território insular, cujo abastecimento é em 98% originário do exterior e na sua esmagadora maioria feita por transporte marítimo”.
A situação agrava-se ainda mais com a perspetiva de que a greve pode mesmo vir a ser prolongada. “Para a Madeira não é concebível que, caso isso se venha a verificar, o governo da República não assuma medidas objetivas para garantir o indispensável abastecimento das Regiões Autónomas. Soluções para eventos pontuais são uma coisa, para paragens que podem durar semanas exigem outras respostas. Como já afirmei, independentemente das razões da greve ou das questões laborais em apreço, a verdade é que a Região Autónoma da Madeira e a Região Autónoma dos Açores têm sido muito afetadas por esta greve, porque estão dependente do transporte marítimo”, sublinha Miguel Albuquerque.
Para o presidente do governo regional da Madeira os serviços mínimos decretados não estão a ser suficientes para colmatar as necessidades da população madeirense e é preciso criar alternativas, nem que para isso seja criado um regime de excecionalidade para greves mais longas”.
Miguel Albuquerque adianta que “num território que tem os níveis de dependência que referi ao nível do abastecimento, fica evidente que todos os setores são suscetíveis de serem afetados, desde a reposição de medicamentos a alimentos perecíveis, passando por materiais de diversa ordem para a normal atividade económica das empresas, para já não falar nas dificuldades de manter o normal fluxo exportados dos nossos produtos, o que não é irrelevante”.
Entretanto, também o governo dos Açores decidiu recorrer a António Costa por causa da situação que se vive no arquipélago. Vasco Cordeiro alertou para a importância de um entendimento que possa colocar um ponto final na instabilidade que se vive atualmente no porto da capital. De acordo com o gabinete da presidência do executivo regional, é preciso ter em conta que falamos de “uma greve que perturba o funcionamento de toda uma região.”