No dia em que o primeiro-ministro iraquiano foi à televisão anunciar o início da ofensiva militar em Falujá, uma das principais cidades controladas pelo Estado Islâmico, o grupo sunita reivindicou uma série de ataques na Síria e no Iémen que deixaram mais de 110 mortos.
“Hoje vamos derrubar as bandeiras pretas dos estranhos que sequestraram a nossa cidade”, disse Haider al-Abadi num discurso transmitido em direto pela televisão estatal iraquiana. Mais de dois anos e meio depois de ter perdido o controlo da cidade para os terroristas do Daesh, em janeiro de 2014, o governo de Bagdade sente ter condições para recuperar esta cidade estratégica da província de Anbar, conhecida pela “cidade das mesquitas” por ter mais de 300 locais de oração na sua área metropolitana.
Uma operação que se iniciou com apelos à retirada da população civil: “os cidadãos devem deixar a cidade e refugiar-se nos corredores de segurança” criados para a operação, anunciou o general Yahya Rasoul. Uma declaração que se seguiu ao lançamento aéreo de milhares de panfletos com idêntica mensagem.
Tida como o berço do radicalismo sunita no país, a cidade de Falujá foi palco de duas das mais importantes batalhas que marcaram a última presença militar norte-americana, entre a invasão de 2003 e a retirada total em 2011. Ao contrário do que se sucedeu em Tikrit e Ramadi, outras importantes cidades iraquianas já recuperadas por Bagdade após meses sob domínio do Daesh, é esperado que os combatentes islamistas lutem até ao fim por um local que consideram sagrado.
O “New York Times” avançava ontem que esse facto levou a que o exército norte-americano tenha aconselhado o governo de Bagdade a dar prioridade a outras cidades, como Mosul. As razões da teimosia são identificadas pelo mesmo jornal: o governo, controlado por xiitas, está num momento de paralisação política; e a capital Bagdade, a apenas 65 quilómetros de Faluja, foi fortemente atacada pelos sunitas na semana passada. A ofensiva terá, portanto, o objetivo de legitimar a autoridade do governo ao mesmo tempo que pretende defender a capital da influência sunita logo ali ao lado.
E se em Faluja a batalha pode vir a ser longa, no mesmo dia o Daesh mostrou que continua com forças para expandir a guerra. Na Síria, duas das cidades que permanecem sob controlo governamental foram atingidas por várias explosões consecutivas.
Ataques sem aparente alvo militar, pois em Tartous a explosão deu-se numa paragem de autocarros, e na cidade de Jabla rebentaram quatro bombas num complexo residencial. Segundo a agência de notícias estatal o número de vítimas nas duas cidades é de pelo menos 78 pessoas – o Observatório Sírio de Direitos Humanos, com base em Londres, avança para a existência de 148 vítimas mortais.
Já no Iémen foram maioritariamente recrutas do exército a preencher a lista de 43 vítimas mortais. Morreram em ataque a uma base militar em Aden, que deixou outras dezenas de feridos, incluindo 12 em estado crítico.