Falta de “meios” pode pôr em causa “ajustes” ao mapa judiciário

Falta de “meios” pode pôr em causa “ajustes” ao mapa judiciário


Ministra da Justiça anuncia amanhã, na Assembleia da República, as suas opções para “ajustar” a reforma de tribunais que Teixeira da Cruz aplicou


A ministra da Justiça anuncia amanhã no parlamento a solução encontrada para “ajustar” o mapa judiciário que herdou de Paula Teixeira da Cruz. O plano de Francisca Van Dunem deverá passar por fazer deslocar pontualmente processos – com juízes, procuradores e funcionários de Justiça – até algumas das instâncias encerradas há pouco mais de um ano e meio. Mas a medida faz antever a necessidade de reforçar “meios”, sem os quais o “ajuste” poderá ficar comprometido.

Francisca Van Dunem joga uma espécie de dia D. Esta terça-feira, a ministra da Justiça vai tornar pública a primeira das grandes medidas que deverá pôr em prática durante o seu mandato. A audição na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, ao início da tarde – em que se anunciarão os “ajustes” ao mapa judiciário – está, por isso, a ser aguardada com expectativa no meio judiciário.

Ao que i apurou, a opção da ministra deverá passar por um modelo de portas semiabertas de alguns dos tribunais encerrados em 2014. Caberá a juízes, procuradores e funcionários de Justiça deslocar-se às instâncias correspondentes a cada processo sempre que necessário, evitando que sejam os cidadãos a percorrer mais quilómetros para poder aceder aos tribunais.

Mas esse modelo traz dúvidas – que Van Dunem poderá começar a dissipar já amanhã, na Assembleia da República. Desde logo, sobre como serão feitas e, depois, compensadas essas deslocações. Fontes judiciais destacam a importância de deixar claro se magistrados e funcionários deverão deslocar-se nas próprias viaturas até aos tribunais ou se, por exemplo, haverá viaturas do Estado disponíveis para esse efeito.

Além disso, há um claro receio de que a reabertura parcelar (ou casuística) de tribunais obrigue a um reforço de meios. O tom da intervenção pública de associações sindicais da área da Justiça é, neste momento, bastante diferente daquele que pautava a relação entre representantes sindicais e Paula Teixeira da Cruz. Mas o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) não deixa de salientar preocupações “A expectativa que temos [em relação à intervenção da ministra] é a de que seja apresentada uma proposta que aproxime a Justiça dos cidadãos que não implique uma reversão do sistema atual mas que represente ajustamentos”, começa por dizer o presidente, António Ventinhas. Para depois concretizar:“Esperamos que seja anunciado o reforço dos meios necessários à implementação das medidas” a apresentar por Francisca Van Dunem.

Isso mesmo era sublinhado pelo SMMP em agosto do ano passado. Num comunicado lançado na reta final do anterior governo, o sindicato referia que “a carência de recursos humanos [tinha levado] ao funcionamento muito deficiente de várias instâncias centrais criminais, secções de execuções e tribunais de comércio, bem como de diversos Departamentos de Investigação e Ação Penal”.

Mas as preocupações eram mais extensas – e em larga medida mantêm a atualidade. Os edifícios que albergam algumas das instâncias centrais estão sobrelotados (ao mesmo tempo que há instalações subaproveitadas) e continua a existir um vazio legal decorrente do desajustamento dos estatutos profissionais ao mapa judiciário. À espera de uma resposta para os vários problemas que foi enumerando nos últimos anos, o SMMP vai reagir, em conferência de imprensa, às medidas anunciadas pela ministra logo depois da intervenção de Francisca Van Dunem no parlamento.