Mats Wilander. “Djokovic precisa  de ganhar Garros  para ser um dos melhores de sempre”

Mats Wilander. “Djokovic precisa de ganhar Garros para ser um dos melhores de sempre”


O tenista sueco, vencedor de sete grand slams, e agora comentador da EuroSport, fez a antevisão do RolandGarros, em entrevista exclusiva ao i e outros jornais estrangeiros


Mats Wilander é um ex-número um mundial do ténis, vencedor de sete grand slams, incluindo três edições do Roland Garros.Este ano, a prova que decorre em Paris de 21 a 5 de junho tem algumas características muito especiais: Novak Djokovic procura um título que nunca venceu, Rafael Nadal o seu décimo e AndyMurray quer reforçar o seu bom momento de forma, depois de vencer oMasters de Roma. Wilander, estrela dos anos 80 que jogou contra outros nomes sonantes como John McEnroe ou Bjorn Borg, é agora comentador da EuroSport e acredita que o número um sérvio precisa de vencer este torneio “para ser um dos melhores de sempre”.

Quem são os favoritos este ano?

É óbvio que do lado masculino Novak é o favorito, logo com Rafael Nadal, que tem muitas chances de o vencer, e Andy Murray atrás, que está a jogar um ténis agressivo outra vez, mas há quem possa surpreender: como o japonês Kei Nishikori. Novak perdeu emMonte Carlo e os outros jogadores acham que há “esperança”, mas espero que esteja preparado e ganhe.

Mas Novak pode até fazer o Golden Slam este ano (os quatro majors mais a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos). 

Ele precisa de ganhar o Roland Garros para ser considerado um dos maiores de todos os tempos. Assim que ganhar podemos falar do GoldenSlam.

E do lado feminino, Serena Williams é a favorita?

Ganhou em Itália e tornou-se favorita outra vez, mas as jogadores mais novas estão muito perigosas, não têm medo dela da mesma maneira que os homens têm de Novak. A Roberta Vinci no US Open do ano passado ganhou um set à norte-americana nas meias finais. AAngeliqueKerber  venceu o AustralianOpen contra Serena este ano.Perceberam que ela é  humana.

O ténis tem tido um ano complicado, depois do escândalo dos resultados combinados ter rebentado no início do ano. O Open de França é uma boa oportunidade para “limpar” a imagem deste desporto?

O desporto têm passado por um período difícil. É tempo das instituições assegurarem que o jogo é maior do que as suas estrelas, e de que os vários desportos são maiores do que qualquer federação. E é tempo também dos jogadores pararem de ser culpados, começarem a ser defendidos, mudando-se as regras e percebendo porque é que há corrupção.

A polémica da diferença nos prize money entre homens e mulheres também é tema quente este ano.

Eles têm o mesmo prize money quando jogam os mesmos torneios. E nos restantes deve ser a WTA a decidir, mas claro que deveriam receber o mesmo.

Acha que o ténis é hoje mais popular do que era nos anos 80?

Os tenistas são mais populares e o ténis é um desporto mundial, está a trazer mais gente através da internet. Não me interessa que eles façam mais dinheiro agora, estou muito contente por ter jogado nessa década. Eu estou feliz por não jogar hoje em dia. 

E nos próximos anos, teremos mais tenistas no topo sem serem “os do costume”?

Para mim o ténis é feito de caras novas, novos estilos de jogo. Ficámos habituados a ver os melhores tenistas nas finais e eu não quero isso. Espero que haja mais jogadores no top do ranking ATP, e seis ou sete que possam ganhar grand slams nos próximos dez anos.

E depois da curta experiência com a tenista MadisonKeys durante duas semanas e meia, quer voltar a treinar?

Não, os meus dias de treinador acabaram.Mas nunca se sabe, o Stefan Edberg disse que não iria treinar e treinou o Roger Federer. Se o Bjorg voltar, eu diria que sim claro [risos].