Operação Morcego. SEF desmantela rede de ladrões do Cáucaso que atuava em Portugal

Operação Morcego. SEF desmantela rede de ladrões do Cáucaso que atuava em Portugal


Inspetores detiveram sete pessoas que traziam cidadãos estrangeiros a Lisboa para assaltar casas


O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve ontem sete pessoas que operavam uma rede de importação de ladrões do Cáucaso. Os elementos do grupo ajudavam cidadãos estrangeiro a viajar até Lisboa, onde permaneciam durante curtos períodos apenas com o objetivo de concretizar assaltos nas zonas do Parque das Nações, Olivais e Loures.

Esta quarta-feira, e depois de oito meses de investigação, os inspetores partiram para o terreno e detiveram sete elementos da “organização criminosa”, todos de nacionalidade estrangeira. Também realizaram oito buscas, quatro a casas particulares e outras quatro a viaturas usadas pelos elementos do grupo, onde encontraram “uma quantidade considerável” de jóias e produtos obtidos durante os assaltos, além de dinheiro, equipamento usado nos assaltos e droga (dois quilos de haxixe).

Importação de ladrões

Os sete elementos faziam chegar os alegados ladrões a Portugal, entregando-lhes documentos falsos que os mesmos utilizavam durante as semanas que passavam no país. “A organização criminosa de cariz internacional, agora desmantelada, era composta por profissionais do crime de nacionalidade estrangeira, oriundos do Cáucaso, que entravam e permaneciam em Portugal por curtos períodos de tempo, unicamente para se dedicarem à prática de furtos e de onde retiravam elevados proventos”, refere o SEF, em comunicado.

Os assaltantes que chegavam a Lisboa funcionavam de forma organizada e, de acordo com o SEF, demonstravam uma “elevada capacidade operativa e assinalável experiência”. Enquanto estavam em Portugal, passavam vários dias a estudar os alvos, “efetuando intrusões discretas em prédios com vista a verificar previamente o tipo de fechaduras das portas e as rotinas dos moradores”. Quando os planos de ação ficavam desenhados, os elementos do grupo recorriam a “gazuas” (um equipamento usado para arrombar fechaduras) para entrar nas casas escolhidas. Roubavam relógios, jóias, ouro e dinheiro que depois enviavam para fora do país ou do qual se desfaziam vendendo os produtos dos assaltos em lojas de compra e venda de ouro.

Entravam e saíam de forma tão discreta que a sua ação passava totalmente despercebida, acabando por deixar os locais dos roubos “sem quaisquer sinais visíveis da sua presença”. Eram tão discretos nas operações como durante a sua curta permanência em Portugal. “Os operacionais do grupo pautavam-se por um comportamento discreto, de modo a não chamarem a atenção das autoridades, sendo portadores de documentos falsos que lhes davam identidades de países da União Europeia”, refere o SEF.

Rede ressuscitada

Na operação de ontem, a cargo do SEF e cujo processo está a ser coordenado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, colaboraram cerca de 30 inspetores do SEF.

Na investigação do SEF, que contou com o apoio da PSP, os inspetores encontraram pontos de contacto com uma rede muito semelhantem, desmantelada em 2013, no âmbito da operação “Vory”. Agora, o SEF diz ser “convicção dos investigadores que os suspeitos agora detidos estavam ligados a essa organização de cariz internacional, conseguindo manter a célula criminosa em Portugal, readaptando o modo de atuação para evitarem ser detetados pelas autoridades”.

Os sete detidos estão a ser ouvidos esta tarde pelo juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal, para que lhes sejam aplicadas as medidas de coação.