Até à última gota de suor

Até à última gota de suor


Ao Benfica basta-lhe vencer o Nacional, já o Sporting precisa de ganhar ao Braga e esperar que o rival lisboeta escorregue. É emoção até ao fim no campeonato, com tudo a decidir-se na última jornada pela 26.ª vez na história, que diz que quem vai à frente sagra-se sempre campeão. 


Nas seis vezes que leões e águias chegaram ombro a ombro ao final, o leão ganhou a corrida em quatro. Desde 1973/74 que os dois clubes de Lisboa não disputavam sozinhos o título. Ficam aqui recordações de alguns casos

Calabote, o árbitro do famoso atraso

O Porto entrava para a última jornada do campeonato de 1959 lado a lado com o Benfica, que precisava de marcar mais cinco golos. Enquanto os encarnados jogavam na Luz contra a CUF, os dragões defrontavam o Torriense (com oito minutos de avanço para se saber o que se passava em Torres Vedras). Mas o protagonista deste final alucinante foi o árbitro Inocêncio João Teixeira Calabote, que deu quatro minutos de compensação na Luz (o jogo já ia nuns expressivos 7-1) e expulsou três jogadores da CUF – o Porto já tinha vencido por 3-0 – , o que não deixava o caneco em Lisboa. Era preciso marcar mais. Tal não aconteceu, os dragões festejaram e Calabote acabou acusado de corrupção e seria irradiado meses mais tarde.

O campeonato do “pirolito”

Foi em 1948 que os cinco violinos do Sporting provaram que o clube verde-e-branco foi o melhor no final dos anos 40 e início da década de 50. Na 22.ª jornada, os leões tinham de vencer as águias por três ou mais golos de diferença para não perderem a corrida contra o Benfica, que tinha vencido o primeiro dérbi por 3-1. E fizeram-no, com quatro golos de Peyroteo. Já que as duas equipas terminaram com os mesmos pontos, foi graças a este golo de diferença, cunhado com o nome de uma bebida muito famosa na altura, o Pirolito, que tinha como brinde um berlinde, que o Sporting se sagrou campeão nacional.

Djukic e o penálti falhado

Miroslav Djukic já não deve ser nome proibido no Deportivo da Corunha, mas na época de 1993/94 terá sido certamente. No último minuto da última jornada, o sérvio tinha a oportunidade de uma vida. E porquê? Coube-lhe a ele converter uma grande penalidade que daria o título ao Deportivo frente ao Valência, quando o resultado ainda se mantinha no 0-0. Só que o pé falhou, o guarda-redes defendeu, os adeptos desataram a chorar, e o sonho que esteve ali tão perto rumou para as mãos do Barcelona, que se sagraria campeão. O título chegaria ao Corunha cinco anos mais tarde. Ao menos isso.

2006/07, uff! Foi corrida suada a três

Este foi talvez o campeonato mais disputado do século XXI, principalmente porque teve os três grandes na discussão do título até à última jornada, com a vitória a sorrir para o Porto de Jesualdo Ferreira. À 27.ª jornada, os dragões perdem contra o Boavista e o Sporting empata na Luz. Logo dois fins de semana a seguir, o Porto cede pontos contra o Paços de Ferreira e deixa tudo por decidir no último jogo do campeonato. Só que uma vitória por 4-1 contra o Desportivo das Aves deitou por terra as ambições dos adeptos dos dois rivais – que ora viam o seu jogo, ora passavam para os outros dois canais – e entregou o título aos azuis-e-brancos, com apenas mais um ponto que o Sporting e dois que o Benfica.

A Juve reina mas também já surpreendeu

A Juventus sagrou-se este ano pentacampeã, mas não pense que em Itália também não há campeonatos disputados – e até este o foi, com o Nápoles e a Roma a tentarem morder os calcanhares a Buffon e companhia (embora em vão, claro está). Vamos até à época de 2001/02 para perceber do que falamos. Foi também um campeonato disputado a três – Juve, Roma e Inter de Milão -, e a Vecchia Signora voltaria a sorrir. Só nesse ano ficaria apenas com um ponto de vantagem: o Inter escorregaria em casa da Lazio (2-4) e o emblema romano venceria o Torino, mas de pouco ou nada lhe serviu. O mais interessante será mesmo olhar para como estavam as equipas em janeiro, às portas da segunda volta. Roma em primeiro, Inter em segundo e Juve… em quarto lugar.

Na terra do bacalhau também há emoção

Só para que não pense que só nas cinco grandes ligas europeias é que acontecem episódios futebolescos dignos de um ataque cardíaco, aqui vai um da terra do bacalhau. Em 2004 o Rosenborg e o Valerenga tinham os dois 45 pontos na ronda final do campeonato. A primeira tinha uma diferença de golos de 48-33 e a segunda 37-22, ou seja 15 golos positivos para cada um, como relembrou o Guardian. E os dois emblemas acabaram mesmo a temporada em igualdade pontual (48), só que o Rosenborg tinha marcado mais golos em toda a época. Um ano depois o Valerenga conseguiu vingar-se, terminando a hegemonia do seu rival, que levava 13 anos seguidos a conquistar ligas norueguesas.