O CDS apresentou uma proposta para “alterar o calendário” das obras em Lisboa. A intenção passava por conseguir não “degradar ainda mais a mobilidade” na capital – com várias intervenções em curso e outras agendadas –, mas o projeto foi chumbado pelo PS.
Na proposta que levou a votação, o vereador João Gonçalves Pereira sublinha que o CDS “é a favor da requalificação do eixo central de Lisboa”, uma área que se estende da Avenida da República à Fontes Pereira de Melo e cuja intervenção já está em curso.
Mas também prevê que, com o calendário em cima da mesa, no final do verão os lisboetas vão deparar-se com vários problemas. “Em setembro, com o regresso de férias e o início das atividades escolares, a cidade ver-se-á impossibilitada de garantir a mobilidade adequada, com todos os inconvenientes para os residentes, trabalhadores e agentes económicos de Lisboa”.
Por isso, o centrista considera que a requalificação não deve ser feita ao mesmo tempo que se recuperam as zonas da Segunda Circular e da praça de Sete Rios, com data de arranque prevista para outubro, altura em que todas estas zonas da cidade ficariam transformadas em estaleiros durante meses. “Um projeto com esta importância tem de garantir o indispensável equilíbrio das diferentes formas de mobilidade”, refere o projeto do vereador do CDS.
Daí a importância de “fasear a obra”, empurrando-as para o fim de semana as obras e “reduzindo o incómodo causado a todos quantos residem, trabalham ou se deslocam a esta zona tão central da cidade”.
Mas a proposta acabou por ser chumbada pelo PS. O PSD (que já tinha chumbado o projeto socialista) absteve-se na votação da proposta, tal como o PCP. “A atitude da CML, ao rejeitar esta proposta, revela uma enorme prepotência do presidente e uma indiferença face à vida dos lisboetas”, diz o vereador.
Calendário eleitoral
Na moção, João Gonçalves Pereira deixa ainda críticas à forma como todo o processo de intervenção na cidade foi conduzido. “Esta requalificação, pela sua extensão, obrigaria a uma consulta pública formal, que não existiu, bem como a um planeamento rigoroso e ao estudo detalhado dos impactos e das alternativas disponíveis”, critica o vereador.
O documento também pede que aquilo que considera ser “propaganda” da autarquia a este respeito seja substituída por “informação útil”. E deixa suspeitas sobre o momento em que a renovação da cidade é posta em prática. “O interesse dos munícipes deve estar sempre acima de qualquer calendário eleitoral, e este súbito afã de mostrar obra, a pouco mais de um ano de eleições, promete trazer o caos à vida dos lisboetas”, defende o centrista.
Obras à noite Em declarações ao i, a diretora de Mobilidade e Transportes da autarquia garante que “o que está proposto não vai sofrer alterações, até porque isso só iria atrasar as obras”.
Questionada sobre a simultaneidade de três grandes obras em Lisboa – Eixo Central, Cais do Sodré e Segunda Circular –, Fátima Madureira defende-se com os horários previstos para os trabalhos na via. “Na Segunda Circular, as obras vão decorrer durante a noite, por isso não vão coincidir com as do resto da cidade”, recorda a responsável autárquica.
Com Marta Cerqueira