Isao Tomita. Os sintetizadores eram a sua banda

Isao Tomita. Os sintetizadores eram a sua banda


O compositor japonês,considerado um dos pioneiros da música eletrónica, morreu aos 84 anos, em Tóquio, vítima de insuficiência cardíaca


Nunca foi um nome anunciado nos cartazes das grandes raves, no entanto, para aqueles que fazem das batidas eletrónicas a sua banda sonora e dos sintetizadores o seu instrumento preferencial, Isao Tomita era seguramente um nome incontornável. Considerado um pioneiro da música eletrónica e do uso de sintetizadores, o compositor japonês morreu na quinta-feira, num hospital de Tóquio, vítima de insuficiência cardíaca num hospital de Tóquio, segundo deu a conhecer a sua editora Nippon Columbia, que optou por apenas divulgar esta notícia ontem. Tinha 84 anos.

Foi o álbum “Snowflakes are Dancing”, que lançou em 1974, que o projectou internacionalmente. A interpretação, com recurso aos sintetizadores, que fez de “Clair de Lune” e de “Arabesque Nº1”, ambas as peças da autoria do compositor francês Claude Debussy, valeu-lhe, inclusive, quatro nomeações para os Prémios Grammy e ocupou o primeiro lugar da tabela da “Billboard” dedicada à música clássica.

A paixão de Isao Tomita por sintetizadores começou poucos anos antes de assinar aquela que viria a ser a sua obra-prima, e nasce por influência da norte-americana Wendy Carlos, que assina bandas sonoras de filmes como “A Laranja Mecânica” (1971). Foi, aliás, neste mesmo ano que Tomita comprou o seu primeiro sintetizador. Por esta altura, o japonês já trabalhava, há mais de uma década, como compositor para televisão, cinema e teatro, mas rendeu-se ao aparelho inventado por Robert Moog, tendo sido um dos primeiros japoneses a trabalhar com sintetizadores. Menos de um ano depois de começar a explorar estas sonoridades mais eletrónicas, lançou, sob o alterego Electric Samurai, “Switched on Rock”, álbum onde apresentava versões eletrónicas de temas pop e rock.

Nunca deixou o trabalho para a televisão e cinema, mas também nunca mais deixou de editar álbuns, mantendo-se sempre fiel ao caminho que iniciou – e que o projectou para a fama – com “Snowflakes are Dancing”. Ryuchi Sakamoto aponta-o como grande influência.

Nos anos 80 correu mundo com um conceito inovador de concertos, os Sound Cloud, onde em recintos a céu aberto, instalava colunas de som em torno do público proporcionando o que definia como experiência imersiva. Acreditava, aliás, que a música era a mais democrática das artes, como referiu em 2015, ao receber o Prémio Fundação Japão: “A música, mesmo que seja uma coisa nova que recorra a sintetizadores, será sempre algo que pode ser apreciado por todos, independentemente da idade ou da proveniência. É esse o conceito por detrás de todos os meus projectos”.

Atualmente, e apesar dos seus 84 anos, trabalhava em “Dr. Coppelius”, bailado protagonizado por hologramas. O coração não lhe permitiu que terminasse esta última obra.