GPC – Global Portuguese Construction – é a nova marca do setor da construção que passa a falar numa só voz nos mercados internacionais. A ideia foi criar uma rede internacional da construção portuguesa para atuar em países como Espanha, França, Reino Unido, Colômbia, Peru e Cuba, explica ao i o presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN). Reis Campos.
Estes mercados são vistos, pela associação, como prioritários para compensar a perda de negócios em África (ver texto ao lado). E a internacionalização funciona como uma espécie de “tábua de salvação” para um setor já que superou os 10,4 mil milhões de euros de faturação anual.
De acordo com o responsável, a nova identidade comum deste setor no exterior permite às empresas nacionais da fileira “refletir toda a sua experiência e know-how, diferenciando-se desta forma nos mercados externos”. Isto porque, apesar da qualidade ser reconhecida, a AICCOPN entende que o reconhecimento ainda não está ao nível desejado. “Estamos fortemente implementados no exterior, sendo mesmo o segundo país europeu com maior presença nos mercados africanos de construção, mas precisamos de nos afirmar com uma identidade que reflita adequadamente a nossa competência e prestígio e, desta forma, alargar o número de mercados e de empresas internacionalizadas”, salienta.
O projeto conta com o apoio dos fundos comunitários Portugal 2020 e quer marcar o futuro do setor já este ano e também em 2017.
Sinais positivos Depois do mercado da construção ter atingido, em 2015, o pior ano desde a entrada da troika em Portugal, a associação reconhece que já começam a existir sinais de retoma. Graças, em parte, à atratividade do produto imobiliário nacional, “com o investimento estrangeiro a reagir muito positivamente a programas de incentivo como os vistos gold e o estatuto dos residentes não habituais. A somar ao crescimento do turismo e da reabilitação está também o aumento da concessão de crédito, aliado às taxas de juro baixas. Todos estes fatores levam a que o setor “tenha conseguido quebrar, em 2015, um ciclo de 13 anos ininterruptos de queda da produção”.
Ainda assim, Reis Campos chama a atenção para o fato do investimento público não estar a acompanhar esta tendência de recuperação. “No que diz respeito ao investimento público, continuamos a enfrentar uma forte retração do mercado que está em mínimos históricos”.
Daí a AICCOPN defender que até 2020 deverá ser levado a cabo um investimento adicional de 40 mil milhões de euros neste setor. Uma solução que poderia, segundo a associação, estimular o emprego e desenvolver o setor que ainda tem um peso de 1/5 do produto interno bruto (PIB), apesar de ter perdido 260 mil empregos e 39 mil empresas em cinco anos.
Apesar destas dificuldades, a perspetiva até ao final do ano é positiva. A associação aponta para um crescimento do setor na ordem dos 2,5%. Estes cálculos assentam nas atuais previsões para a evolução da economia portuguesa e, sobretudo, tem em conta a previsão do próprio governo, que se encontra inscrita no Orçamento de Estado para a evolução do investimento em 2016. “De acordo com o OE 2016, o investimento deverá registar, este ano, um crescimento de 4,9%, o que, a concretizar-se, representaria um novo ano positivo para o setor. Estamos, ainda assim, a apontar para estimativas mais conservadoras, já que um crescimento de 2,5% será inferior aos 3% registados em 2015”, salienta Reis Campos.
No entanto, a entidade acredita que esta variação positiva depende da capacidade de aproveitar as oportunidades que estão disponíveis. “São soluções que estão há muito identificadas e que são objeto de um consenso muito alargado, já que o que está em causa é a captação de investimento para o nosso país, o reforço da competitividade e a criação de emprego sustentado”.
Potenciar o investimento privado, nacional e estrangeiro, tanto ao nível do programa de vistos gold, como do regime de tributação de residentes não habituais são algumas das apostas defendidas pela associação. Mas não ficam por aqui. O responsável diz também que é necessário dar uma nova dinâmica ao Portugal 2020 – nomeadamente no que se refere à eficiência energética e à reabilitação urbana –, aproveitar o plano Juncker, adequar o código dos contratos públicos e criar mecanismos eficazes de identificação de preços anormalmente baixos, combater a clandestinidade e a concorrência desleal. “São questões prementes cuja concretização é essencial para que possamos captar investimento para o nosso país, reforçar a competitividade e criar emprego sustentado”, conclui.