Marcelo e a pressão externa preocupam o Bloco de Esquerda

Marcelo e a pressão externa preocupam o Bloco de Esquerda


Principal moção de estratégia para o congresso alerta para “presidencialização do regime” e avisa o PS que os acordos da ‘geringonça’ “são insuficientes”


Na moção para o seu congresso, os bloquistas avisam o PS que “sem uma nova estratégia para o país não é possível vencer a austeridade”. É preciso “criar nova margem de manobra” para vencer a “pressão externa”e a falta de recursos, defende o BE. 

A pressão externa, sobretudo a “faceta autoritária do diretório da União Europeia”, é uma ameaça a ter em conta e que exige um  “confronto com as instituições europeias”. OBloco propõe mesmo a “desobediência aos poderes que nos impõem a austeridade a guerra”.

A nível interno, o PSD e o CDS merecem menos atenção neste momento que Marcelo Rebelo de Sousa. Um parágrafo da moção alerta para a “tentativa de presidencialização do regime político, que marca o início de mandato do novo Presidente da República”. Aliás é Marcelo, a nível interno, o grande adversário da maioria de esquerda, pois “as suas pressões para ‘acordos de regime’ visam repor as relações históricas e o alinhamento à direita dos partidos da alternância”. Ou seja, o PR quer desencaminhar o PS.

Estas são ideias-força do texto intitulado “Força da Esperança – o Bloco à conquista da maioria”, que materializa a estratégia do partido de Catarina Martins para os próximos dois anos. Subscrito pelas duas tendências que governam o Bloco, tem aprovação garantida na X Convenção, marcada para o último fim de semana de Junho. 

Os maus caminhos do PS António Costa foi o negociador da inédita maioria de esquerda, mas na moção do Bloco, os socialistas são vistos como um partido permeável ao apelo do centrão. 

Na explicação para a nova maioria de esquerda, o texto da moção enfatiza o papel determinante do BE, cuja subida de votação tornou-o numa força relevante à esquerda, e explica que foi a ausência de alternativas do PS para outra maioria que o empurrou para a esquerda.  A “convergência” só foi “possível” porque a “inédita relação de forças”deixou a direita sem maioria, “o PSnão é a força mais votada [e] o CDS/PP não faz maioria com o PS; o PS precisa do Bloco e do PCP”. Esta explicação também serve para justificar porque o BE nunca antes esteve numa solução governativa – foi porque oPS nunca precisou dos bloquistas.

Saída do euro e a dívida A luta na Europa é determinante. Para vencer austeridade é preciso fazer “o confronto com as instituições europeias que asfixiam o campo das escolhas democráticas”. A concentração da banca, com as recentes imposições da venda do Banif ao Santander e pressão para a venda do Novo Banco, constituiu “um grave ataque à soberania”. OBloco diz que a esquerda tem de estar preparada para “a restauração de todas as opções soberanas essenciais”, uma expressão que contempla a saída da moeda única. Mas clara é a referência à zona euro como “um projeto político condenado”. E a reafirmação de que “renegociar a  dívida pública” e “o controlo público” da banca são medidas essenciais para o futuro da governação de esquerda.