É cada um no seu quadrado, como diz a música brasileira. Cada vez nascem mais crianças em Portugal com os pais a viver em casas diferentes. Dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que, no ano passado, 16,3% das 85 mil crianças que nasceram no país não encontraram pai e mãe debaixo do mesmo teto, estivessem estes ou não numa relação. Ao todo foram 13 mil crianças, número que aumentou 50% desde 2010.
As Estatísticas Vitais do INE, divulgadas quinta-feira, permitem acompanhar o saldo natural da população e as tendências das famílias portuguesas. A percentagem de crianças nascidas fora do casamento tem estado a aumentar sucessivamente e, se em 2014 já estava nos 49,3%, em 2015 passou pela primeira vez a barreira dos 50%.
Mais do que um aumento significativo das situações em que os pais vivem juntos sem estarem casados, por exemplo em união de facto, o INE salienta que o motivo é precisamente a subida dos nascimentos sem coabitação dos pais – a percentagem era de 9,2% em 2010 e chegou então a 16,3% no ano passado. A proporção de nascimentos com os pais em coabitação evoluiu de 32% em 2010 para 34% em 2015.
Um país a mudar Outra tendência inequívoca é o aumento da idade das mães. Quase um terço (29,6%) tem mais de 35 anos. E desde 2010, a percentagem de mães entre os 20 e os 34 anos baixou de 74,2% para 67,8%.
Como os dados referentes aos testes do pezinho já tinham permitido apurar, 2015 ficou marcado como um ano de viragem em matéria de natalidade: pela primeira vez desde 2010 houve uma subida no número de nascimentos. Nasceram 85 500 crianças em Portugal, um aumento de 3,8% (mais 3133 bebés).
Ainda assim, a subida não foi suficiente para compensar o crescendo de mortes fruto do envelhecimento da população. E o saldo natural em Portugal manteve-se, por isso, negativo pelo sétimo ano consecutivo. O país perdeu 23 011 pessoas e foi o terceiro pior ano de que há registo em termos de delapidação da população, depois de em 2013 ter terminado com menos 23 756 pessoas.
Em 2015 aumentaram ainda os casamentos, que caíram substancialmente nos anos de crise. Foram 32 393 os casais a dar o nó, mais 915 do que em 2014. Dois terços dos casamentos em Portugal já acontecem só no civil, número que incluiu em 2015 350 casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Os casamentos católicos têm estado em queda: eram 16 720 em 2010 e em 2015 foram 11 512. Uma tendência mantém-se: agosto continua a ser o mês preferido para casar.