Rafael Nadal. Queixa contra ex- ministra francesa entregue

Rafael Nadal. Queixa contra ex- ministra francesa entregue


Queixa de difamação contra Roselyne Banchelot surge depois das acusações de doping por parte da antiga ministra francesa


Rafael Nadal (5.º no ranking ATP) voltou às conquistas este ano, depois de ter vencido o torneio de Monte Carlo este mês. E parece que este regresso aos títulos deu o empurrão necessário para que a sua “guerra” contra Roselyne Bachelot, ex-ministra francesa do Desporto -, que o acusou, no passado mês de março, de se ter dopado em 2012 quando esteve sete meses parado -, continue. O tenista espanhol já tinha deixado o aviso de que iria processar Bachelot, e ontem confirmou-o: entregou uma queixa por difamação, como confirmado no comunicado enviado à agência noticiosa EFE. “Interpus hoje, 25 de abril de 2016, num tribunal de Paris, uma queixa por difamação para defender não só os valores de integridade e imagem como desportista mas também os valores que tenho defendido ao longo da minha carreira”, lê-se no comunicado.

A reação drástica de Nadal explica-se pelo facto da ex-ministra francesa do tempo de Nicolas Sarkozy ter dito no passado dia 8 de março no programa Le Grand 8, do canal de televisão francês D8 – enquanto o espanhol estava a disputar o Indian Wells – que se sabia “que a famosa lesão de sete meses de Nadal tinha sido sem dúvida devido a um controlo de doping positivo”. Pouco tempo depois, nova entrevista, agora ao diário francês “Ouest France”, onde reafirmou que só tinha “dado eco ao que se tinha comentado previamente no mundo do ténis”, como conta o “El País”. Na altura, a equipa de Nadal revelou que a lesão que o afastou dos cortes de ténis, e até dos Jogos Olímpicos de Londres, estava ligada a uma lesão crónica no tendão rotuliano no joelho esquerdo.

O tenista espanhol, vencedor de 14 grand slams, não gostou, relevou-se farto desta disputa com França que já vem de longe, e recorreu a um dos juízes mais poderosos do país, Patrick Maisonneuve, segundo a revista “GQ” – já trabalhou, por exemplo, para o Paris Saint-Germain, ou com casos políticos mediáticos, como o caso “clearstream” de 2004, que envolvia Sarkozy e outros políticos que teriam alegadamente contas financeiras com sede em Luxemburgo. Desta vez, portanto, é mesmo a sério e “será a última”, garantia dada pelo espanhol.

Mas esta é mesmo a primeira vez que o ex-número um mundial do ténis toma medidas desta natureza. Já sofreu acusações por parte do ex-tenista francês Yannick Noah em 2011, que escreveu um artigo no jornal francês “Le Monde” a afirmar que o êxito do desporto espanhol estava de braço dado com o uso de substâncias ilícitas. No ano seguinte, o programa humorístico Les Guignols do canal de televisão francês Canal +, também resolveu gozar com o tenista, em que uma marioneta surgia a assinar autógrafos com uma seringa. Em nenhum dos casos Nadal interpôs qualquer tipo de queixa.

Se o juiz decidir que houve prejuízo e que da sentença venha uma indemnização de danos e prejuízos, Nadal doará o dinheiro para uma Oganização não-governamental ou fundação de solidariedade em França. “Peço o máximo respeito ao procedimento judicial iniciado, e quero deixar a minha confiança máxima na justiça francesa que irá resolver o assunto”, afirmou no comunicado.

2016 não tem sido um ano fácil para o ténis. Primeiro foi o escândalo dos resultados combinados, agora os testes anti-doping positivos, que saltaram para os holofotes da comunicação social depois da ex-número um mundial Maria Sharapova ter anunciado que tomou meldonium durante dez anos, uma substância proibida pela Agência Mundial Anti-Dopagem no início deste ano.