Insolvências aumentaram quase 20% nos três primeiros meses do ano

Insolvências aumentaram quase 20% nos três primeiros meses do ano


Lisboa e Porto continuam a ser os distritos mais atingidos. Já o comércio e a restauração foram os setores onde se verificaram mais falências


O número de empresas insolventes em Portugal aumentou quase 20% nos primeiros três meses deste ano, enquanto a criação de empresas desacelerou 6,5%. Os dados foram revelados pela Ignios no seu mais recente Observatório de Negócios, Insolvências, Créditos Vencidos e Constituições.

No primeiro trimestre deste ano, o número de insolvências em Portugal chegou a 2215 empresas, um aumento de 19,4% face ao mesmo período do ano passado. Lisboa e Porto continuam a ser as regiões mais afetadas. De acordo com os mesmos dados, cerca de 24% das insolvências ocorreram no distrito de Lisboa, 22,6% no distrito do Porto e 10,6% em Braga.

Já o comércio e a restauração foram os setores mais atingidos. O estudo revela que, em termos setoriais, os serviços dependentes da procura interna continuaram a ser os mais afetados, concentrando a maioria das insolvências e do seu aumento. É o caso do comércio a retalho (+13,4%) e por grosso (+20,6%) e da restauração (+38,3%).

O que é certo é que esta tendência não é nova. Já em fevereiro assistiu-se a 785 empresas insolventes, aumentando para 1507 o número de insolvências no acumulado do ano. Só em janeiro e fevereiro deste ano, as insolvências cresceram 27% face ao mesmo período do ano passado e mantém-se a tendência de crescimento observada desde junho passado. “Este crescimento deve-se, sobretudo, ao aumento de 56,3% no número de processos de insolvência concluídos (para 722 empresas). Nos processos ainda em tramitação, as insolvências requeridas pelos credores recuaram mesmo 0,5% (381 empresas) e as solicitadas pelas próprias empresas aumentaram 18,2% (384 empresas) ”, salienta o observatório.

Ao contrário do que se verificou em março, no mês anterior, em que o setor da construção tinha sido o mais penalizado ao representar mais de 15% das insolvências. 

Menos empresas A criação de empresas em Portugal desacelerou nos primeiros três meses de 2016. Segundo os dados da Ignios, nasceram 10 920 empresas no país nos primeiros três meses do ano, o que equivale a 120 novas entidades por dia.

Este valor representa uma quebra de 6,5% face ao mesmo período do ano passado, com menos 414 empresas constituídas. A descida foi mais acentuada nos setores do comércio de veículos (-16,1%), comércio a retalho (-18,2%) e comércio por grosso (-9,2%).

Por outro lado, o aumento setorial mais expressivo na criação de empresas foi observado na hotelaria e restauração, refletindo o impacto do crescimento de exportações de serviços turísticos.

Este setor, com 1355 novas empresas nascidas no primeiro trimestre de 2016, registou um crescimento de 4,3% face ao período homólogo e passou a liderar neste indicador. Apesar da descida, em termos homólogos, o comércio a retalho foi o segundo setor mais dinâmico, com 1266 empresas criadas.

“A constituição de empresas mantém um ritmo diário animado e mostra, uma vez mais, o peso do turismo na economia, com os serviços prestados nesta área a mostrarem a evolução mais significativa”, afirma António Monteiro, CEO da Ignios.

Já em fevereiro, tinha-se assistido à constituição de quase 3500 empresas. Este número representou um aumento de mais de 68 empresas em termos homólogos (3359). “O aumento das exportações de serviços turísticos continuou a manifestar-se no único aumento relevante homólogo setorial das constituições de empresas em fevereiro: alojamento e restauração (+21 e + 2,4), com aumento do seu peso de 10,9% para 17,7%”, salientou.