O senhor muito contente e o senhor muito feliz


Longe vão os tempos em que os socialistas ficavam vermelhos de raiva com os discursos de Cavaco Silva de apoio às política do governo de Passos Coelho. Hoje, Costa abra a boca e Marcelo abana a cabeça e o contrário também é verdadeiro. Marcelo abre a boca sobre tudo e sobre nada e Costa sorri…


Marcelo Rebelo de Sousa em Belém está a ser o Marcelo Rebelo de Sousa de sempre. Nada mudou, o que não deixa de ser um elogio ao Presidente da República. Quem o elegeu em Janeiro que o ature nas suas diatribes e intrigas palacianas, o terreno em que o homem é um verdadeiro artista. E, naturalmente, está a dar-se às mil maravilhas com o Costa negociador, outro artista na arte de fazer uma política que está mais do que moribunda e a matar a democracia que os portugueses saudaram de forma sincera há 42 anos. Os últimos episódios desde República portuguesa, que se parece cada vez mais com um bananal, são verdadeiramente deliciosos. É preciso recuar muito no tempo para se ver um governo e um Presidente da República legislarem à descarada para favorecer um acionista privado de uma empresa, neste caso um banco. É preciso recuar muito no tempo para se ver um governo e um Presidente da República guardarem um diploma na gaveta à espera de um acordo privado entre dois acionistas privados de uma empresa, no caso um banco. É preciso recuar muito no tempo para se ver um governo e um Presidente da República retaliarem contra um acionista privado de um banco que recusou um acordo com outro acionista privado do mesmo banco. Numa República normal, com um mínimo de ética e uma justiça que não finge ser justiça apenas quando isso interessa a alguém, estes dois senhores, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, já estariam a ser investigados pela sua descarada interferência num negócio que vai dar milhões ao acionista privilegiado pelos titulares de dois órgãos de soberania. Mas por cá, tudo bem, anda toda a gente muito feliz com os números e as palhaçadas do senhor muito contente por estar em Belém e do senhor muito feliz por estar em S. Bento. Os episódios engraçados sucedem-se a um ritmo alucinante e este povo, 42 anos depois do 25 de Abril, bem se pode dizer que é pobrete mas alegrete. O governo do senhor muito feliz por estar em S. Bento apresentou a semana passada mais uma obra de ficção para enganar os portugueses e empatar os terríveis neoliberais de Bruxelas que, imagine-se o despautério, insistem na velha história de contas públicas controladas e reformas que ponham o Estado na ordem e ajudem a pobre economia lusitana a sair da cepa torta. Basta olhar para uns pequenos números para se perceber a mentira que vai por aí e que, obviamente, é aceite e louvada pela elite nacional. O génio Mário Centeno à frente de onze génios garantiu há um ano, ainda na oposição, que o pais ia crescer 3,1% este ano. Ninguém se riu. Quando a geringonça foi chamada a formar governo em Novembro por Cavaco Silva, o génio Mário Centeno garantiu aos portugueses que a economia ia crescer 2,6%. Ninguém se riu. Quando a geringonça apresentou finalmente o Orçamento do Estado para 2016, o génio Mário Centeno, depois de muitas folhas Excel atiradas para o lixo, garantiu aos portugueses que a economia ia crescer 1,8%. Ninguém se riu. Agora, na apresentação de mais uma obra de ficção. o Programa de Estabilidade e Crescimento, o crescimento mantém-se em 1,8%. Ninguém se riu, quando toda a gente sabe que na melhor das hipóteses andará pelos 1,1% se tudo ficar na mesma cá dentro e lá fora até final do ano. Foi isso mesmo que o Conselho de Finanças Públicas, um órgão independente, veio dizer aos portugueses. Pobre Teodora Cardoso, o que foste fazer. O senhor Marcelo Rebelo de Sousa, que está muito contente por estar em Belém, saltou logo para a praça pública a desancar a senhora e a defender com unhas e dentes o senhor António Costa que está muito feliz por estar em S. Bento. E fez mais o senhor muito contente. Atacou forte e feio o CDS por levar a votos no parlamento mais esta obra de ficção da geringonça. Pois é. Longe vão os tempos em que os socialistas espumavam de raiva sempre que Cavaco Silva abria a boca em defesa das políticas do governo de Passos Coelho. Agora babam-se de satisfação com as aleivosias do senhor que os portugueses desgraçadamente escolheram para Belém. Até ao dia em que o professor Marcelo decida, como o escorpião,  na história do elefante, ferrar, sem apelo nem agravo, o senhor Costa que está muito feliz por estar em S. Bento.

Jornalista


O senhor muito contente e o senhor muito feliz


Longe vão os tempos em que os socialistas ficavam vermelhos de raiva com os discursos de Cavaco Silva de apoio às política do governo de Passos Coelho. Hoje, Costa abra a boca e Marcelo abana a cabeça e o contrário também é verdadeiro. Marcelo abre a boca sobre tudo e sobre nada e Costa sorri…


Marcelo Rebelo de Sousa em Belém está a ser o Marcelo Rebelo de Sousa de sempre. Nada mudou, o que não deixa de ser um elogio ao Presidente da República. Quem o elegeu em Janeiro que o ature nas suas diatribes e intrigas palacianas, o terreno em que o homem é um verdadeiro artista. E, naturalmente, está a dar-se às mil maravilhas com o Costa negociador, outro artista na arte de fazer uma política que está mais do que moribunda e a matar a democracia que os portugueses saudaram de forma sincera há 42 anos. Os últimos episódios desde República portuguesa, que se parece cada vez mais com um bananal, são verdadeiramente deliciosos. É preciso recuar muito no tempo para se ver um governo e um Presidente da República legislarem à descarada para favorecer um acionista privado de uma empresa, neste caso um banco. É preciso recuar muito no tempo para se ver um governo e um Presidente da República guardarem um diploma na gaveta à espera de um acordo privado entre dois acionistas privados de uma empresa, no caso um banco. É preciso recuar muito no tempo para se ver um governo e um Presidente da República retaliarem contra um acionista privado de um banco que recusou um acordo com outro acionista privado do mesmo banco. Numa República normal, com um mínimo de ética e uma justiça que não finge ser justiça apenas quando isso interessa a alguém, estes dois senhores, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, já estariam a ser investigados pela sua descarada interferência num negócio que vai dar milhões ao acionista privilegiado pelos titulares de dois órgãos de soberania. Mas por cá, tudo bem, anda toda a gente muito feliz com os números e as palhaçadas do senhor muito contente por estar em Belém e do senhor muito feliz por estar em S. Bento. Os episódios engraçados sucedem-se a um ritmo alucinante e este povo, 42 anos depois do 25 de Abril, bem se pode dizer que é pobrete mas alegrete. O governo do senhor muito feliz por estar em S. Bento apresentou a semana passada mais uma obra de ficção para enganar os portugueses e empatar os terríveis neoliberais de Bruxelas que, imagine-se o despautério, insistem na velha história de contas públicas controladas e reformas que ponham o Estado na ordem e ajudem a pobre economia lusitana a sair da cepa torta. Basta olhar para uns pequenos números para se perceber a mentira que vai por aí e que, obviamente, é aceite e louvada pela elite nacional. O génio Mário Centeno à frente de onze génios garantiu há um ano, ainda na oposição, que o pais ia crescer 3,1% este ano. Ninguém se riu. Quando a geringonça foi chamada a formar governo em Novembro por Cavaco Silva, o génio Mário Centeno garantiu aos portugueses que a economia ia crescer 2,6%. Ninguém se riu. Quando a geringonça apresentou finalmente o Orçamento do Estado para 2016, o génio Mário Centeno, depois de muitas folhas Excel atiradas para o lixo, garantiu aos portugueses que a economia ia crescer 1,8%. Ninguém se riu. Agora, na apresentação de mais uma obra de ficção. o Programa de Estabilidade e Crescimento, o crescimento mantém-se em 1,8%. Ninguém se riu, quando toda a gente sabe que na melhor das hipóteses andará pelos 1,1% se tudo ficar na mesma cá dentro e lá fora até final do ano. Foi isso mesmo que o Conselho de Finanças Públicas, um órgão independente, veio dizer aos portugueses. Pobre Teodora Cardoso, o que foste fazer. O senhor Marcelo Rebelo de Sousa, que está muito contente por estar em Belém, saltou logo para a praça pública a desancar a senhora e a defender com unhas e dentes o senhor António Costa que está muito feliz por estar em S. Bento. E fez mais o senhor muito contente. Atacou forte e feio o CDS por levar a votos no parlamento mais esta obra de ficção da geringonça. Pois é. Longe vão os tempos em que os socialistas espumavam de raiva sempre que Cavaco Silva abria a boca em defesa das políticas do governo de Passos Coelho. Agora babam-se de satisfação com as aleivosias do senhor que os portugueses desgraçadamente escolheram para Belém. Até ao dia em que o professor Marcelo decida, como o escorpião,  na história do elefante, ferrar, sem apelo nem agravo, o senhor Costa que está muito feliz por estar em S. Bento.

Jornalista