Chegou em dia de aniversário da rainha, mas foi o primeiro-ministro a convidá-lo. Barack Obama tinha previsto visitar o Reino Unido em julho, mês em que realizará a última digressão na Europa, mas David Cameron pediu para antecipar. Escrevia ontem o “Politico” que “se tudo correr de acordo com o plano de Downing Street”, os dois líderes falarão hoje à hora do telejornal para, em conjunto, “defenderem enfaticamente que o lugar do Reino Unido é na União Europeia”.
Pelas vias oficiais, ninguém confirma que seja esse o motivo da visita, encaixada entre uma passagem pela Arábia Saudita e a chegada a Berlim, prevista para domingo. “Se for questionado sobre a sua visão como amigo, dará a sua opinião, mas deixará bem claro que é um assunto que diz respeito ao eleitorado britânico”, diz Ben Rhodes, conselheiro de um presidente norte-americano que é aprovado por 83% do eleitorado britânico e 91% dos que ainda não decidiram como votar a 23 de junho, segundo estudo do próprio governo britânico.
Mas há poucas dúvidas em relação à posição do norte-americano, de tal forma que entre os que defendem a separação entre Londres e Bruxelas já se iniciaram as críticas: “Será de uma hipocrisia intrínseca, se for isso que ele tem a dizer”, acusa o autarca de Londres, Boris Johnson, considerando “bizarro estar a receber lições sobre abdicar da nossa soberania” do líder de um país que “nem sonha permitir a mais pequena interferência na sua”.
Opinião diferente tem William Hague que, depois de anos como uma das vozes mais eurocéticas do Reino Unido, surpreendeu ao afirmar-se defensor da permanência. “O nosso Parlamento até já fez um debate sobre os defeitos de Donald Trump”, lembrou o homem que liderou o Ministério dos Negócios Estrangeiros até maio de 2015 num artigo publicado no “Telegraph” em que critica a posição do seu colega de partido Boris Johnson.
Além de defender o direito de Obama de expressar a sua opinião sobre o tema, Hague lembra que o Reino Unido “desempenha um papel crucial em garantir que a UE apoie os objetivos dos EUA e em que haja uma ação transatlântica comum – quando a América precisou de fortes sanções ao Irão para os obrigar a negociar, o Reino Unido ajudou a garantir que a UE adotasse essas sanções”.
Outra curiosidade passa por saber se Obama – que hoje almoça com Isabel ii e janta com os herdeiros William e Kate – terá um encontro com Jeremy Corbyn, como manda a tradição – algo que não está previsto na agenda, embora Obama tenha tido o primeiro encontro com Cameron em 2008, quando os trabalhistas ainda governavam em terras de sua majestade.ܸ