Novo escândalo: Mitsubishi admite manipulação em mais de 600 mil carros

Novo escândalo: Mitsubishi admite manipulação em mais de 600 mil carros


O fabricante japonês de automóveis Mitsubishi admitiu ontem ter manipulado testes de emissões poluentes. 


Em causa estão, pelo menos, 625 mil veículos, alguns dos quais construídos também pela nipónica Nissan.

No entanto, a Mitsubishi Motors Portugal garante que, no mercado português, “nenhum dos modelos” comercializados “está afetado”.

“Neste momento e, tendo em conta a informação de que dispomos, nenhum dos modelos comercializados e homologados no mercado português e europeu está afetado pelo referido problema”, fizeram saber.

A empresa fez ainda saber que as irregularidades “relacionadas com a homologação, no Japão, foram detetadas nos modelos eKSpace e eK Wagon” e que “estes modelos são comercializados única e exclusivamente no Japão”.

Também Tetsuto Aikawa, presidente do grupo japonês, fez saber, durante uma conferência no Ministério dos Transportes, que a empresa pede “as maiores desculpas a todos os clientes e outras partes afetadas”.

O caso relembra o escândalo da Volkswagen, que admitiu ter instalado um software que falsificava os valores das emissões poluentes. Em causa estavam 11 milhões de carros e agora está a braços com o risco de ter de pagar milhões de euros em multas e indemnizações.

Fraude Volkswagen O ano passado a Volkswagen foi acusada de alterar o chip do sistema de emissão de gases poluentes. Ao serem confrontados com as vendas muito abaixo do previsto, engenheiros da empresa terão decidido enganar os reguladores e os clientes com motores fraudulentos. Foram instalados softwares para manipular dados de emissões poluentes em alguns motores a partir de 2008.

A polémica, que começou nos EUA, alastrou-se a todo o mundo, acabando por envolver outros gigantes do setor automóvel. No final de setembro do ano passado também a Mercedes, a BMW e a Peugeot foram acusadas de distorcer dados. Um alerta dado nesta altura por um estudo – “Mind The Gap” –, publicado pela Transport & Environment, organização não governamental que trabalha diretamente com Bruxelas. Recorde-se que na Europa existem cerca de 8,8 milhões de veículos afetados. O que está a ser pedido é que o construtor alemão pague a cada cliente uma compensação por automóvel, como admitiu que poderia vir a fazer nos EUA.

Multas de 30 mil euros No final de janeiro, a Comissão Europeia avançou com uma proposta que pretende apertar as normas ambientais e de segurança no setor automóvel. Em causa estão multas que podem ir até aos 30 mil euros, por veículo, para as marcas que não cumpram os parâmetros legais e para os serviços que não detetem adulterações.

A ideia é haver uma inspeção de veículos que já foram certificados e estão no mercado. Ficando assim nas mãos das autoridades, e de Bruxelas, a decisão de o fazer ou até de exigir a saída de determinado veículo que esteja no mercado. As novas regras representam ainda um entrave aos pagamentos feitos pelas produtoras de automóveis às entidades que realizam os testes de emissões.

Outros casos:

VOLKSWAGEN
No ano passado a Volkswagen foi acusada de alterar o chip do sistema de emissão de gases poluentes em carros vendidos nos EUA e na Europa. A empresa arrisca-se agora a ter de pagar milhões de euros em multase indemnizações.

AUDI
A audi admitiu que 2,1 milhões dos seus veículos a diesel em todo o mundo estavam equipados com o software que falsifica os resultados dos testes anti--emissões, concebido pela empresa-mãe Volkswagen. 

BMW
Esta marca também acabou por estar a braços com notícias que davam conta de que determinados modelos da BMW ultrapassavam os limites de emissões de gases poluentes na UE. 

SEAT
A Seat, marca espanhola do grupo alemão Volkswagen, também instalou em mais de meio milhão de carroso software que falseia as emissões de gases poluentes, noticiou em setembrode 2015 o jornal“El País”.

FORD
O regulador alemão, KBA, analisou vários modelos depois do escândalo VW ter rebentado. Em novembro de 2015, o “The Guardian” acrescentava a Ford à lista das marcas investigadas.

SKODA
O construtor automóvel Skoda, que também pertence ao grupo VW, anunciou que 1,2 milhões dos seus veículos estavam equipados com o dispositivo que permite manipular as emissões poluentes.  

MERCEDES
Uma organização ambiental, que trabalha diretamente com Bruxelas, divulgou um relatório em 2015 que também levantava questões no caso dos modelos classe A, C e E da Mercedes.