Pelo menos 28 pessoas morreram e mais de 329 ficaram feridas ontem, depois de uma explosão no centro da capital do Afeganistão, Cabul.
Segundo as autoridades locais, um suicida fez-se explodir numa zona de alta segurança e densamente povoada, perto do Ministério da Defesa.
“Um suicida estacionou um camião no parque de estacionamento adjacente ao edifício e fê-lo explodir”, avançou Abdul Rahman, chefe da polícia de Cabul. Depois da explosão, o edifício foi invadido por vários militantes talibãs que se envolveram numa troca de tiros com as forças de segurança.
O ataque foi pouco depois reivindicado pelos talibãs, tendo sido o primeiro depois de, na semana passada, o grupo ter anunciado o início da ofensiva da primavera, altura em que prometeu ataques em larga escala. “O tiroteio continua, impusemos um largo número de baixas ao inimigo”, escreveu, pouco depois do ataque, o porta-voz dos talibãs, Zabiullah Mijahid.
Segundo o porta-voz do ministério da Saúde, Mohammed Ismaïl Kawoosi, “muitos feridos estão em estado grave”, pelo que o número de mortos pode aumentar nos próximos dias. Entre as vítimas estão membros das forças de segurança, mas a maioria são civis.
Pouco depois, o presidente afegão, Ashraf Ghani, condenou o ataque. “Condenamos nos mais severos termos o ataque terrorista no bairro de Puli Mahmood Khan, em Cabul, no qual muitos dos nossos concidadãos foram mortos ou ficaram feridos”, disse o presidente em comunicado.
De acordo com a imprensa internacional, que cita o porta-voz do Ministério do Interior, Sediq Sediqias, as autoridades afegãs mataram um homem armado dentro do edifício, mas ainda estão à procura de dois outros suspeitos.
Ofensiva da primavera Foi no passado dia 12 que os talibãs informaram ter dado início à “ofensiva da primavera”, prometendo realizar vários ataques “de grande escala” contra bastiões do governo. “A jihad contra o exército infiel agressivo e usurpador é uma obrigação sagrada sobre as nossas cabeças e o nosso único recurso para restabelecer um sistema islâmico e recuperar a nossa independência”, lia-se num comunicado do grupo. “A presente operação também empregará todos os meios à nossa disposição para prender o inimigo numa guerra de desgaste que diminua a moral dos invasores estrangeiros e as suas milícias armadas e internas”, lia-se ainda.
A chamada “ofensiva da primavera” é também chamada Operação Omari, em homenagem ao fundador dos talibãs no Afeganistão, Mohammed Omar, cuja morte foi anunciada o ano passado.
Esta ofensiva, como o próprio nome indica, assinala então o início da época de combate, depois de um período de calma, o inverno. Contudo, este ano, os combates entre as forças do governo e os insurgentes continuaram a acontecer durante aquela estação.
Depois de anunciada a ofensiva, o ataque de ontem é o primeiro de muitos, segundo avançou o grupo.
No ano passado, os ataques do grupo provocaram 11 mil mortos civis.
A NATO e as autoridades do Afeganistão já avançaram que este ano os combates com o grupo poderão ser “intensos”.
A insurgência dos talibãs ganhou força desde a retirada das tropas de combate internacionais. Segundo alguns especialistas, estão mais fortes do que nunca, principalmente desde que foram expulsos do poder, em 2001, pelos Estados Unidos.