Investimento imobiliário comercial mais do que duplicou

Investimento imobiliário comercial mais do que duplicou


Valor do investimento foi de 1,8 mil milhões de euros em 2015, que já é considerado o melhor ano de sempre


Portugal registou um acréscimo de 154% na atividade de investimento em imobiliário comercial em 2015, o que significa que o montante aplicado mais do que duplicou face ao ano anterior. Este aumento representa uma aquisição de ativos num valor total de 1,8 mil milhões de euros, o que “se traduz no melhor ano de sempre desde que há registos”, garante a consultora B. Prime.

A maioria do investimento feito teve origem no estrangeiro (92%), sobretudo de investidores norte-americanos (43%), ultrapassando desta forma a aposta espanhola (11%). “Este aumento do interesse em ativos imobiliários por parte de investidores norte-americanos é algo que se verifica um pouco por toda a Europa. A desvalorização do euro face ao dólar norte-americano, fruto da política de quantitative easing encetada pelo BCE, aliada ao aumento de preços verificado naquele país, é uma razão forte para este redirecionamento de investimento em imobiliário europeu”, diz a consultora.

Já o setor de retalho absorveu a preferência dos investidores, que adquiriram mais de metade do valor destes espaços, num montante superior a mil milhões de euros, o que representa cerca de 54%, enquanto o mercado de escritórios equivaleu a 24% do valor anual. Ainda assim, a prime yield do setor de escritórios continuou a descer, situando-se atualmente nos 5,5%, e no segmento de retalho fixou-se nos 5%.

Quanto aos montantes geridos pelos fundos de investimento, estes continuam a apresentar uma tendência decrescente, atingindo no final de 2015 um montante que ronda os 10,6 mil milhões de euros. “A contínua venda de ativos por parte dos fundos imobiliários e a sua rentabilidade a curto prazo são razões suficientes para justificar a queda dos montantes geridos em 2015. A atividade vendedora dos fundos tem permitido para reduzirem a dívida associada, que registou uma quebra de 467 milhões”, acrescenta o estudo da consultora.

De acordo com Jorge Bota, managing partner da B. Prime, “a queda generalizada das yields do mercado, a atividade vendedora dos fundos nacionais e o crescente interesse dos investidores internacionais criaram uma dinâmica há muito tempo não vista no mercado de investimento nacional. Um acréscimo vertiginoso de 154%, num ano, é notável e poderá repetir-se em 2016”, salienta.

Aposta na periferia Depois de um ano recorde para o investimento imobiliário em Portugal, no ano passado, os investidores começaram agora a mostrar interesse por um tipo de ativos que até aqui descartavam. Em causa estão produtos secundários de escritórios, retalho ou industriais localizados fora das zonas prime, com uma maior rentabilidade. O alerta é feito pelo barómetro IPD/JL.

De acordo com o mesmo documento, “este alargamento do espetro de produtos de investimento mostra que os investidores assumem que o mercado nacional continua a oferecer boas oportunidades e que os indicadores de atividade e ocupação devem registar boa performance este ano”, frisando que “neste cenário não é expectável que o interesse dos investidores estrangeiros abrande, pelo que a competitividade deverá ficar ainda mais acentuada”.