Na imagem, partilhada há cerca de uma semana, vê-se António Costa dentro do aparelho, juntamente com Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luísa Maia Gonçalves, diretora Nacional do SEF, e Catarina Marcelino, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
“A caminho de Atenas, a bordo do Falcon da @fap_oficial, onde amanhã iniciarei a visita oficial com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, a Ministra da Administração Interna, a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade e a Diretora Nacional do SEF”, lê-se na legenda.
A fotografia deu origem a diversos comentários críticos. “Não tem vergonha de gastar o dinheiro dos portugueses assim?” ou “Tenha vergonha sr. António Costa!! E respeito por quem neste país não tem sequer para comer!” são apenas algumas das acusações.
Mas também há quem, pelo contrário, defenda o primeiro ministro, argumentando que estes aparelhos foram comprados para transportar chefes de Estado. “O avião é da Força Aérea Portuguesa e serve exatamente para este tipo de missões”, refere um comentário. “Finalmente alguém que de uso a um jato que tem custos em manutenção ao estado e que ninguém do estado o usava…”, acrescenta outro utilizador do Instagram.
Frota destinada a “transporte especial”
Rui Roque, coronel da Força Aérea Portuguesa, esclarece ao i que o Esquadrão 504 – “Linces”, composto por três Falcon 50 – com capacidade para 12 passageiros e tripulação –, tem como missão primária operações de transporte especial.
“As missões de transporte especial incluem não só as deslocações de Altas Figuras do Estado, tanto nacionais como estrangeiras, como também missões de recolhas de órgãos para transplante e ainda evacuações aeromédicas de longa distância”, explica o coronel. A recolha de órgãos é a operação realizada mais frequentemente.
Rui Roque refere também que este tipo de missão serve ainda como treino da tripulação.
O coronel – que não avança com valores relativos à despesa que uma viagem destas representa – acrescenta que este tipo de transporte especial não está incluído no Orçamento da Força Aérea nem fica a cargo desta entidade. “Estas viagens são coordenadas com o Executivo e a Força Aérea é depois ressarcida”, conclui.
O i contactou o Gabinete do primeiro-ministro, que se mostrou indisponível para comentar este caso. Em todo o caso, uma vez que não existem voos diretos para a capital grega, as viagens comerciais Lisboa-Atenas implicam sempre uma escala numa cidade europeia, o que poderá ter sido um dos motivos para a requisição do Falcon.
Recorde-se que António Costa se deslocou, na passada segunda-feira, a Atenas para uma visita de um dia, onde esteve reunido com o seu homólogo grego, Alexis Tsipras, tendo ainda visitado um campo de refugiados.