MMA. Árbitro do combate de João Carvalho diz que “não havia razões para parar antes”

MMA. Árbitro do combate de João Carvalho diz que “não havia razões para parar antes”


Maruisz Domasat acredita que interrompeu na altura certa o combate que resultou na morte do lutador português em Dublin, uma opinião que não é unânime na modalidade


O árbitro Maruisz Domasat, juiz do combate que resultou na morte do lutador português de Artes Marciais Mistas (MMA) João Carvalho disse ontem que parou o confronto na altura certa. “Se virem o combate percebem que não havia razões para parar antes. Parei quando o lutador não podia lutar mais. Toda a gente que tem uma ideia do que é a MMA sabe que eu interrompi o combate no momento próprio”, disse à Bleacher Report. Domasat parou o combate do Total Extreme Fighting ao terceiro assalto quando Carvalho foi socado por nove vezes por Charlie “The Hospital” Ward, num movimento chamado “ground & pound” (quando um dos lutadores leva o outro ao chão e desfere golpes com os punhos e cotovelos de forma repetida). 48 horas depois o atleta português de 28 anos acabaria por morrer no Hospital Beaumont em Dublin na Irlanda depois de se ter sentido mal quando estava no estádio.

No entanto há quem não concorde com a opinião de Domasat. Depois do pai de Ward ter dito à RTÉ Radio 1 que o árbitro poderia ter terminado a luta mais cedo, o campeão da UFC Conor McGregor, que é colega de equipa do adversário de Carvalho, seguiu a mesma linha: “Penso que poderia ter terminado mais cedo. Eu sinto que estes árbitros devem estar mais atentos”, afirmou ao canal de televisão MMAConnectTV depois de ter assistido à luta. O i sabe ainda que o treinador de McGregor e de Ward, John Kavanagh, considera que a paragem foi feita na altura certa.

Kavanagh é também presidente da Associação Irlandesa de Pancrácio Amador (IAPA, em inglês) – iniciada em 2014 e está associada à Federação Internacional de MMA –, que já se demonstrou disponível para ajudar nas duas investigações (separadas) pelas autoridades irlandesas ­– uma pela Gardaí (polícia irlandesa) outra pela Autoridade de Saúde e Segurança que lançou um inquérito preliminar – que foram ontem iniciadas para apurar as causas da morte. Um procedimento habitual em caso de mortes súbitas.

Apesar disso, os cuidados médicos foram todos seguidos como mandam as regras da MMA, como confirmou o CEO da TEF Cesar Silva à imprensa irlandesa. Essa foi também a opinião dada ontem ao i por parte de Vítor Nóbrega, treinador do atleta português, porque Carvalho foi “atendido como é de praxe em todos os eventos profissionais”. Katazrzyna Michlic, dona da empresa privada Eventmed, a responsável pelos serviços médicos no combate do TEF dessa noite, também garantiu que “o protocolo médico foi seguido”, citada pelo The Independent.

A verdade é que o ministro da Saúde e do Desporto Irlandês Michael Ring pediu ontem “regulamentação urgente” para a MMA no país. “Nós não temos controlo nestes eventos, precisamos dos regulamentar”, disse à RTÉ Radio 1 ontem. Este é um dos desportos que não tem qualquer tipo de apoio do Estado nem é regulado pela Sport Ireland (agência do desporto da Irlanda). Ou seja a IAPA, que é quem trabalha com os eventos promocionais irlandeses modalidade, não tem qualquer tipo de poder ou é reconhecido como órgão dirigente.

A autópsia ao corpo de João Carvalho foi feita ontem, e espera-se agora pelos resultados. A morte do atleta português é rara na modalidade, desde o primeiro evento da Ultimate Fighting Championship (principal promotora das MMA) em 1996 que só ocorreram 14 mortes.