João Soares demitiu-se umas horas depois de António Costa ter lembrado os ministros de que “nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do governo”, mas nem todos no PS encaram a demissão como inevitável.
“Fiquei triste pela saída do João Soares”, diz ao i o ex--deputado José Lello. O socialista considera que este é um caso para “refletir” e interroga-se sobre o desfecho desta polémica: “Pergunto-me se uns colunistas que insultam um governante se podem dar ao luxo de provocar a sua demissão. É um caso para refletir”, diz o ex-governante.
Antes da demissão de João Soares, o deputado socialista Ascenso Simões também defendeu que não havia razões para João Soares sair do cargo. “Não faz qualquer sentido pedir a demissão do ministro da Cultura nem fará qualquer sentido aceitar um qualquer gesto de desprendimento que o próprio queira assumir. O que lamento é esta vida liofilizada onde a grandeza do discurso político viril, marca dos grandes parlamentares e homens de letras, se evaporou da vida pública. Lamento muito”.
João Soares ainda resistiu umas horas à polémica que abriu com Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente, mas a declaração do primeiro-ministro acabou por ser fatal.
João Soares, que entretanto foi passar uns dias a Paris e já prometeu falar sobre esta polémica quando regressar, demitiu-se com o argumento de que está solidário com “o governo e o primeiro-ministro e o seu projeto político de esquerda”. O ex-ministro da Cultura diz, porém, que não aceita “prescindir do direito à expressão da opinião e palavra”.
O PSD insiste em ouvir João Soares na Assembleia da República. “A questão política relevante mantém-se, e essa tem que ver com a forma como o governo, a começar pelo primeiro-ministro, se relaciona com a crítica que vem do exercício da liberdade de expressão, seja de alguns cidadãos, seja de profissionais da comunicação social”, disse Luís Montenegro. OPSD quer ainda ouvir a diretora do jornal “Público” e a ERC.