Maria Luís “desagradada” com Banco de Portugal no processo Banif

Maria Luís “desagradada” com Banco de Portugal no processo Banif


A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque atribuiu responsabilidades ao Banco de Portugal na condução do processo Banif.


Ouvida hoje na comissão de inquérito, a antiga governante lembrou que foi um parecer positivo do regulador bancário que determinou a injecção de capitais públicos na instituição, em janeiro de 2013. E, já no final do ano passado, Maria Luís ficou “desagradada” com uma “inversão” de curso do governador Carlos Costa, que admitiu nessa altura canalizar mais dinheiros públicos no banco.

Maria Luís Albuquerque recordou que em 2013, a troika tinha “ceticismo” quanto à viabilidade do Banif e que mostrou reticências quanto a uma capitalização pública. No governo havia dúvidas e “foi com base nos pareceres do regulador que se decidiu avançar”, sublinhou a ministra. Na altura, o Banco de Portugal considerou que a recapitalização pública era a opção menos gravosa, face a uma eventual nacionalização ou liquidação do banco.

O banco entrou depois num complexo processo de definição e negociação com Bruxelas sobre um processo de reestruturação, em que estiveram envolvidos os vários intervenientes: administração do Banif, governo e banco de Portugal.

Segundo Maria Luís Albuquerque, o caminho seguido quer pelas Finanças quer pelo regulador era aprovar o plano de reestruturação e a venda do banco. Mas a antiga ministra criticou uma “inversão” de rumo do Banco de Portugal, em meados de novembro do ano passado.

A 17 de novembro o regulador envia uma carta à ministra onde indicava que o banco corria o risco de falhar os rádios de capital impostos pelas regras europeias, e sugere que a instituição fosse recapitalizada com dinheiros públicos. “Fui apanhado de surpresa. Fiquei desagradada. Propunha uma solução com a qual não concordava e que implicava um ónus para os contribuintes”, disse a antiga ministra.