Passos Coelho foi o único candidato à liderança?
Sim. As eleições diretas foram no dia 6 de março e não apareceu ninguém para disputar a liderança com o ex-primeiro-ministro. Passos Coelho conseguiu 95% dos votos e prometeu promover “um compromisso reformista com o país”. O resultado que conseguiu nas legislativas, após quatro anos de austeridade, e o facto de dominar o aparelho explicam que não tenha tido adversário, apesar de ser alvo de algumas críticas internas. Passos Coelho chegou à liderança do PSD em 2010, depois de ter vencido as eleições diretas com 61% dos votos contra Paulo Rangel e Aguiar-Branco. A primeira vez que Passos Coelho se candidatou foi em 2008, mas perdeu. Manuela Ferreira Leite venceu essa eleição com pouco mais de 37%.
Quantos delegados participam no congresso?
Vão participar no congresso 750 delegados oriundos do Continente, regiões autónomas e comunidades portuguesas. De acordo com os dados divulgados pelo PSD, o partido tem quase 118 mil militantes, mas só menos de 54 mil têm as quotas pagas. Desde as eleições legislativas entraram no PSD quatro mil novos militantes. São “sobretudo jovens, que reforçam a natureza interclassista e o caráter dinâmico do PSD”.
Os congressos do PSD perderam peso?
Em 2006, uma revisão aos estatutos do PSD, durante o mandato de Marques Mendes, introduziu a eleição direta do líder. A proposta foi aprovada num congresso estatutário, mas não colheu unanimidade. Morais Sarmento acusou então o líder do seu partido de estar a matar a alma dos congressos e do PSD. E de lá para cá são poucos os conclaves que ficaram para a prosperidade, já que serviram apenas para consagrar o líder eleito nas diretas. Para a história fica do partido fica o congresso da Figueira da Foz, em 1985. Cavaco Silva saiu de Lisboa para fazer a rodagem do seu Citroën e foi parar à Figueira. Arrebatou o partido e regressou à capital eleito líder do PSD, derrotando João Salgueiro, o quase eleito líder que não convencia.
Quantos líderes o PSD já teve desde a sua fundação?
Foram 17. Sá Carneiro é o fundador do PSD e em três momentos distintos assumiu a liderança do partido. O primeiro entre 1974 e 75, sendo sucedido por Emídio Guerreiro, para regressar entre 76 e 77. Saiu e foi substituído por Sousa Franco e por José Menéres Pimentel, entre 78 e 79. Nesse ano, regressa e leva o PSD ao poder em coligação com o CDS e o PPM, na Aliança Democrática. A morte do líder do PSD levaria Pinto Balsemão a assumir as rédeas do partido, entre 81 e 83. Seguiram-se Nuno Rodrigues dos Santos, Mota Pinto, Rui Machete e Cavaco Silva, que liderou o entre 1985 e 1995. Seguiram-se Fernando Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Santana Lopes. Durante os mandatos de Sócrates no governo, o PSD procurou acertar na liderança: primeiro com Marques Mendes, depois com Luís Filipe Menezes, com Manuela Ferreira Leite e Passos Coelho.
É comum os líderes permanecerem em funções muitos anos?
Cavaco Silva esteve dez anos à frente do PSD, a mesma década em que liderou o executivo em São Bento. Foi um caso raro mas explicado, desde logo, pela popularidade do ex-primeiro-ministro, num período que ficou conhecido como o cavaquismo. Passos Coelho já conta seis anos de liderança do PSD. Com esses seis anos, ao ser reeleito para um quarto mandato (até 2018) poderá cumprir oito anos à frente do partido – a dois de distância de bater a marca de Cavaco.
O governo foi convidado para o congresso do PSD?
Manda a tradição que os partidos convidem os demais com representação parlamentar a assistir à sessão de encerramento dos respetivos congressos. O CDS, este ano, inovou e convidou o governo a também marcar presença. António Costa mandou a Gondomar, onde os centristas estiveram reunidos, Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. No caso do PSD, apurou o i, a tradição de não convidar o governo mantém-se. E até se percebe: Passos vai ao congresso lembrar que venceu as eleições e que no lugar de Costa deveria estar ele próprio.
Quantas moções vão ser discutidas no congresso?
Ao todo são 27 as moções temáticas que vão ser debatidas no congresso. As eleições autárquicas são um dos temas em discussão na reunião dos sociais-democratas em Espinho. Os autarcas do PSD defendem, na moção que apresentam, que o partido deve regressar “à brigada da cola e dos cartazes” e que todos os dirigentes e militantes “são agora soldados do poder local”. AJSD, a distrital de Leiria e a moção de Ricardo João Barata Pereira Alves pedem a realização de eleições primárias. O aumento da natalidade é outro dos temas abordados nas moções em debate. Todas têm benefícios para quem tem mais filhos, como reduções nas taxas de contribuição para a Segurança Social ou apoios à contratação de mulheres grávidas ou de pais com filhos pequenos.
A estratégia do PSD para as autárquicas do próximo ano fica definida?
António Costa tem mandato até 2019. As autárquicas de Outubro do próximo ano são, por isso, as eleições que se seguem. Passos, na moção de estratégia global que leva ao congresso, já definiu que o PSD deve bater–se por continuar a ser o partido com maior representação no poder local. Por esclarecer ficou em que autarquias vão ou não em coligação com o CDS – o qual, no seu congresso, anunciou o apoio a Rui Moreira no Porto e, no caso de Lisboa, defendeu um perfil de candidatura que parecia encaixar em AssunçãoCristas. Algum PSD não gostou e saiu a terreiro para assumir que o partido vai ter candidato próprio na capital. Mas a última palavra é de Passos, que poderá clarificar a sua estratégia para Lisboa este fim de semana, em Espinho.
Passos Coelho vai ouvir críticas neste congresso?
A resposta é sim. Mesmo antes do congresso já havia militantes com peso a contestar a estratégia da atual liderança. É o caso do ex-deputado José Eduardo Martins, que já anunciou ir falar neste congresso. O ex-ministro Morais Sarmento também disse que, se as eleições legislativas não forem a curto prazo, “dificilmente” Passos Coelho poderá continuar à frente do PSD. Pedro Duarte, ex-diretor de campanha de Marcelo e ex-líder da JSD, também vai falar e espera que “este congresso seja um virar de página”.
Rui Rio vai ao congresso de Espinho?
Rui Rio é o nome mais forte na lista de putativos sucessores de Passos Coelho. Mas o ex-autarca do Porto não vai ao congresso. Em entrevista à TSF, justificou. “Se eu lá fosse, ainda me arriscava a ser um elemento central do congresso. O dr. Pedro Passos Coelho resolveu candidatar-se com base em ter sido o mais votado (embora não o vencedor). Tem essa legitimidade, eu não quero perturbar.” Ponto final parágrafo.