C. chegou no início desta semana a Punta Umbría, sul de Espanha. “Ainda ontem assisti a uma série de situações”, diz a jovem de 18 anos, que está a um passo de terminar o ensino secundário. As “situações” traduzem-se num coma alcoólico na primeira noite e num consumo generalizado de haxixe – apesar das fiscalizações da GNR, que este ano deteve um jovem na fronteira com Espanha por tráfico de droga.
Até ao início da próxima semana, Punta Umbría vai estar tomada pelos jovens portugueses que assinalam o fim de uma etapa no seu percurso escolar. Essa celebração – preparada ao longo de meses – é regada com álcool e com droga. Em grandes quantidades. Todos os anos é assim e mesmo que as ações de sensibilização e capacitação promovidas pelas autoridades (ver texto ao lado) não passem despercebidas aos jovens, a verdade é que também não impedem os excessos. E quem está em Espanha confessa não notar que os jovens levem consigo menos droga.
Na viagem até Punta Umbría, C. passou por operações de fiscalização da GNR. Mas o autocarro em que seguia não foi um dos fiscalizados pelas autoridades. “O cheiro [a haxixe] sente-se em todo o lado”, conta C. E longe de casa, o ditado ganha mais força: “O fruto proibido é o mais apetecido”, admite a jovem, que garante não estar interessada no consumo de estupefacientes. “Mas até um amigo meu que não é dado a essas coisas me contou que só precisou de fazer uma pergunta – ‘tens aí droga contigo?’ – para conseguir arranjar.”
Cinco vezes mais droga Antes da chegada a Espanha, as autoridades fazem a sua parte. Na fronteira, a GNR concluiu no início da semana a segunda fase de mais uma operação Spring Break.
As ações de fiscalização (depois da sensibilização que ocorre durante todo o ano) serviram para “prevenir a adoção de comportamentos de risco por parte da população jovem que se desloca nesta altura do ano para o sul de Espanha e Catalunha”, refere, em comunicado, esta força de segurança.
Nos 233 autocarros fiscalizados entre os dias 18 e 28 de março, os militares apreenderam 51 doses de haxixe, equivalentes a pouco menos de 30 gramas. A quantidade de droga apreendida é cinco vezes maior que a do ano passado mas, mesmo assim, este valor é considerado “ínfimo” pelos militares, tendo em conta os milhares de jovens que se deslocam ao sul de Espanha neste período.
Nas fiscalizações – acertadas com os vários agrupamentos escolares a que os jovens pertencem -, os militares dos comandos territoriais contaram com “o apoio da valência de investigação criminal e de binómios cinotécnicos”, que trabalharam em conjunto com a Guardia Civil espanhola. Os 11 dias de operação na estrada desdobraram-se entre os pontos de fronteira de Vilar Formoso (a norte, perto da cidade da Guarda), em Caia (na zona de Portalegre) e em Vila Real de Santo António, no Algarve.
No comunicado divulgado ontem, em que apresentava os números finais da segunda fase da operação, a GNR referia ainda que foi detido um jovem (de 17 anos) que se preparava para seguir viagem com um carregamento considerável de droga. Foi detido por “tráfico de estupefacientes” e já terá sido presente a tribunal ontem. Foram ainda notificados outros três jovens por incorrerem em contraordenações por “consumo de estupefacientes”.
Em comparação, no ano passado tinham sido apreendidos 4,98 gramas de haxixe e inspecionados 182 autocarros de transporte de jovens nas viagens de finalistas dos alunos do ensino secundário.
