As viagens da família do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), a vários países, incluindo Portugal, poderão em breve ser enviados ao juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação Lava Jato. O juiz do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki determinou que todos os dados sobre as contas da mulher e da filha de Cunha sejam enviadas do para o juiz de primeira instância, uma vez que estas não têm imunidade.
A decisão do magistrado surgiu depois de um pedido da Procuradoria-Geral da República para que os dados relativos a Cláudia Cruz e Danielle Dytz da Cunha fossem desmembrados do processo em que se investiga o presidente da Câmara dos Deputados.
Defendeu o Ministério Público que é possível apurar eventual responsabilidade criminal de ambas independentemente da relação que têm com Eduardo Cunha, uma vez que tinham autonomia e responsabilidades sobre as contas bancárias.
A investigação começou com a existência de despesas avultadas da família em viagens, que não serão compatíveis com os rendimentos declarados, explica o jornal Folha de São Paulo.
A investigação já desenvolvida defende mesmo que tais montantes terão sido luvas pagas por facilitar a compra do campo de Benin (África) pela petrolífera estatal brasileira.
Segundo a investigação a Eduardo Cunha que continuará no Supremo Tribunal Federal (só a parte dos familiares poderá ser encaminhada para primeira instância) refere suspeitas da prática de crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fuga ao fisco.
As despesas em Portugal As viagens que chamaram a atenção dos investigadores foram a países como Portugal, Estado Unidos, França, Itália, Suíça, Rússia, Espanha e Emirados Árabes Unidos. Dos cartões bancários de Cláudia Cruz e Danielle Cunha Saíram perto de 150 mil euros entre agosto de 2014 e fevereiro de 2015. Segundo o mesmo jornal, nas contas de Cunha e de outros familiares terão dado entrada de mais de 5 milhões de euros que foram gastos em lojas de roupa de luxo, hotéis de cinco estrelas e restaurantes caros. Um dos exemplos citados refere-se ao restaurante Paço D’Arcos, em Portugal, onde Eduardo Cunha terá gasto cerca de 1200 euros.
A defesa de Cláudia Cruz e Danielle da Cunha já recorreu do envio dos dados das suas contas para o juiz Sérgio Moro.
Juiz causa polémica O juiz do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki que determinou o desentranhamento da parte de ambas da investigação que corre no Supremo, foi o mesmo que ontem decidiu que Sérgio Moro deve enviar para o Supremo a parte da investigação relativa a Lula da Silva. A decisão valeu-lhe várias críticas e uma faixa à porta de casa: “Deixa o Moro trabalhar”.