A banca e a elite sem valor


Marcelo deu o mote e António Costa agradeceu. A banca espanhola é agora o motivo para mais um apelo ao patriotismo parolo a que as elites, sejam políticas sejam empresariais, sempre recorreram para salvaguardar os seus próprios interesses.


Em 1999, António Champalimaud quis vender as suas participações na banca e nos seguros ao Banco Santander Central Hispano. O que aconteceu? O Estado vetou o negócio. O motivo alegado foi o interesse nacional, mesmo que, atualmente, o Santander seja o banco mais seguro em Portugal. O interesse nacional, ao ser interpretado por políticos e empresários, acaba invariavelmente por favorecer políticos e empresários.

Os bancos portugueses, públicos ou privados, não conseguiram contrariar os estímulos que o Estado dava ao consumo e emprestaram, não para produzir, não a quem queria investir, mas para gastar. Foi dinheiro fácil. Para a banca e para o Estado. Para políticos e empresários. Hoje pagamos o preço. Sim, nós, o povo. Entretanto, políticos e empresários têm um interesse a prosseguir. Nacional, claro. Mesmo que em proveito próprio.

A lógica da defesa da banca nacional contra Espanha é tão chocante que só passa porque o português é suave. Uma coisa é certa: não interessa se a banca é nacional ou estrangeira. Do que precisamos é de bancos que tenham dinheiro, que assegurem os nossos depósitos e que emprestem, de forma racional e equilibrada, a quem investe e produz. O resto são artimanhas de uma elite poderosa, mas sem qualquer valor.

Advogado

Escreve à quinta-feira

A banca e a elite sem valor


Marcelo deu o mote e António Costa agradeceu. A banca espanhola é agora o motivo para mais um apelo ao patriotismo parolo a que as elites, sejam políticas sejam empresariais, sempre recorreram para salvaguardar os seus próprios interesses.


Em 1999, António Champalimaud quis vender as suas participações na banca e nos seguros ao Banco Santander Central Hispano. O que aconteceu? O Estado vetou o negócio. O motivo alegado foi o interesse nacional, mesmo que, atualmente, o Santander seja o banco mais seguro em Portugal. O interesse nacional, ao ser interpretado por políticos e empresários, acaba invariavelmente por favorecer políticos e empresários.

Os bancos portugueses, públicos ou privados, não conseguiram contrariar os estímulos que o Estado dava ao consumo e emprestaram, não para produzir, não a quem queria investir, mas para gastar. Foi dinheiro fácil. Para a banca e para o Estado. Para políticos e empresários. Hoje pagamos o preço. Sim, nós, o povo. Entretanto, políticos e empresários têm um interesse a prosseguir. Nacional, claro. Mesmo que em proveito próprio.

A lógica da defesa da banca nacional contra Espanha é tão chocante que só passa porque o português é suave. Uma coisa é certa: não interessa se a banca é nacional ou estrangeira. Do que precisamos é de bancos que tenham dinheiro, que assegurem os nossos depósitos e que emprestem, de forma racional e equilibrada, a quem investe e produz. O resto são artimanhas de uma elite poderosa, mas sem qualquer valor.

Advogado

Escreve à quinta-feira