Desemprego. UGT pressiona Vieira da Silva por causa do Novo Banco

Desemprego. UGT pressiona Vieira da Silva por causa do Novo Banco


Carlos Silva tenta garantir que todos os trabalhadores que rescindam com o banco recebam subsídio de desemprego, ultrapassando assim a quota legal


A UGT quer evitar que os trabalhadores do Novo Banco que cheguem a acordo para rescindir o vínculo de trabalho fiquem sem receber subsídio de desemprego. O líder da central sindical, a mais representativa no setor bancário, vai reunir-se de emergência com o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, para lhe colocar as suas preocupações sobre o programa de rescisões e tentar obter esclarecimentos que salvaguardem a posição dos trabalhadores. O encontro está marcado para as 9h da manhã. Segundo fonte sindical, a UGT “tentará obter do ministro a garantia de que todos os trabalhadores do Novo Banco que aceitarem o processo de rescisão terão direito ao subsídio de desemprego, tal como aconteceu no BCP”.

As notícias que alarmaram os sindicatos davam conta de que o processo de reestruturação do banco, que envolve cerca de 500 trabalhadores, não teria o acordo do governo para ultrapassar a quota fixada por lei na atribuição de subsídio de desemprego.

Uma lei de 2006 impõe quotas ao número de rescisões por mútuo acordo que podem receber subsídio, para evitar que a Segurança Social financie despedimentos baratos e expeditos. Para empresas com mais de 250 trabalhadores, a quota máxima é de 80 trabalhadores a receber subsídio de desemprego, após terem assinado a rescisão.

Terá de haver uma decisão do governo para ultrapassar esta regra – ao próprio Vieira da Silva enquanto ministro do Trabalho caberá decidir, num processo que envolve as audições do IAPMEI, da Segurança Social e dos parceiros sociais.

O pedido de processo de empresa em reestruturação deu entrada em final de fevereiro no Ministério do Trabalho e ainda está em fase de recolha dos pareceres. Mas a informação de que a administração poderia não cumprir o pagamento do subsídio de desemprego a quem assine a rescisão está a provocar polémica.

Trabalhadores protestam O banco está obrigado a reduzir mil postos de trabalho para atingir as metas negociadas com Bruxelas e evitar um despedimento coletivo. Cerca de 500 postos de trabalho já foram cortados através de reformas antecipadas, efetuadas nas últimas semanas. Outros 500 trabalhadores foram chamados pelos recursos humanos a meio da semana passada para tomarem conhecimento das condições de rescisão.

A comissão de trabalhadores queixa-se dos termos em que o processo está a ser conduzido. A rescisão “não é amigável, não é voluntária e não é por mútuo acordo”, diz um responsável. “As pessoas sentiam-se ovelhas a serem chamadas para um matadouro”, critica a porta-voz da comissão de trabalhadores, Rute Pires, referindo-se às reuniões com os recursos humanos.

A estrutura considera que a pressão para rescindir é insuportável. “Têm já os cálculos feitos pelo despedimento coletivo e os cálculos da rescisão por mútuo acordo”, conta Rute Pires.

Além do mais, a comissão de trabalhadores “não foi ouvida em nada”, protesta Raul Santos, também representante dos trabalhadores.