Dizer que a corrupção no Brasil existe porque “a aristocracia latifundiária, industrial e financeira” foi incapaz de travar as políticas iniciadas por Lula e que, com a ajuda dos “setores conservadores evangélicos”, se prepara para derrubar Dilma, ou ainda que a situação brasileira se deve “a uma intensa operação de desestabilização e de cariz golpista dos setores mais retrógrados e antidemocráticos do Brasil”, só pode ser uma de duas coisas: ou uma grande alucinação ou, a mais provável, a revelação de um pensamento implexo sobre a sociedade.
A corrupção nada tem que ver com esquerda ou direita, mas sim com pessoas. Com atitudes e formas de estar na vida. Pessoas que se deslumbram com o poder e com as relações que ele estabelece. Não é um problema ideológico reservado a quem é de direita e isento a quem é de esquerda.
Isto, o que tem de lúdico, tem igualmente de perigoso e não pode ser distanciado do papel que estes partidos representam, neste momento, no panorama político português. Estamos entregues a eles e à perceção que eles têm da sociedade, e isso não augura nada de bom na lógica subversiva da sua relação com o poder, mas sobretudo com as instituições democráticas que, com mais ou menos defeitos, temos o dever e a tradição de respeitar.
O PS de Costa ainda não percebeu isso. Pensa que está a usá-los para se manter no poder, alinhando no discurso fácil e bem propagado contra a “direita”. Não percebeu que, ao contrário do que acha, está, sim, a ser usado e que serão estes partidos a imprimir o diretório da governação. Uma espécie de “idiota útil” cuja “idiotice” lhe sairá muito cara. A ele e a nós.
Escreve à segunda-feira