Não. Infelizmente, Marcelo quer mesmo, apenas, pôr termo à crispação existente. Assim, pretende criar condições para que todos façam as pazes. Como se a crise passasse apenas e tão-só por todos concordarem que os problemas não devem afetar o nosso dia-a-dia.
Também eu gostaria que não houvesse crispação política. Quem não o deseja? Quem não deseja uma vida sem dificuldades e sem problemas? Ora, se assim é, Marcelo nada acrescenta ao debate político. Pelo contrário, o que faz, que mais não é que varrer os problemas para debaixo do tapete, torna ainda maior a ilusão que há décadas domina o país e ninguém pretende abandonar.
Assim, a juntar ao imbróglio que é o endividamento público, temos agora governo e Presidência a serenar os ânimos para que o povo não importune a classe política. Porque se há algo que esta crise trouxe foi exigência contabilística. Foi a perceção de que qualquer medida de um governo, de uma autarquia, de uma região autónoma tem um custo para os contribuintes.
No passado, os governos falavam de oportunidades. A partir de agora, sabemos que estas têm um custo. Temos de reconhecer que é um incómodo para quem governa. O país viveu iludido décadas. Só espero que não repita novamente o erro.
Advogado
Escreve à quinta-feira