Atores, políticos, atletas e (principalmente) pais de amigos têm partido, deixando para trás as memórias que me marcaram, em certa medida me formataram e, inquestionavelmente, fizeram de mim o que sou hoje.
A morte de Nicolau Breyner e o fato de estar em trabalho sozinho em Genebra motivaram este texto. Não o conheci nem era propriamente um fã dele. Mas simpatizava com ele. E lá está, marcou-me a adolescência. Num tempo em que pouco havia para fazer ocupavam-se os serões assistindo, religiosamente, aos programas que a RTP produzia – era a minha personagem preferida de “Vila Faia”.
Claro que me incomoda quando vão (uns mais do que outros), mas o que mais me arrelia é a sensação de impotência para lidar com algo que sabemos desde cedo que é inevitável – a morte! Inquieta-me a incapacidade de gerir estas emoções, perceber que o cerco aperta e cada vez mais se vai aproximando de nós. Não é a morte em si que me incomoda – é inevitável e incontornável -, mas sobretudo o tempo que perdemos com merdices sem importância e que valorizamos desmesuradamente, em vez de apreciarmos a vida.
Não sou daqueles que enche a boca para dizer: eu vivo a vida intensamente! Ou os que colocam frases feitas nas redes sociais, do tipo: prefiro olhar para trás e dizer “não acredito que fiz aquilo” a dizer “quem me dera ter feito”.
Perdemos tempo desnecessário com questões acessórias. Implicamos com coisas absolutamente insignificantes e deixamos passar aquilo que realmente é importante. Vivemos focados no nosso umbigo e esquecemo-nos de que a vida está a passar. Despejamos nas redes sociais as nossas angústias, as nossas revoltas e os nossos carinhos também. E ficamo-nos por aí, com a sensação do dever cumprido, e seguimos o nosso caminho.
Quando foi a última vez que em vez de postar um “Parabéns! Forte abraço!” pegámos no telefone e ligámos? E a última vez que deixámos o grupo do WhatsApp, marcámos um jantar e convivemos, largámos uma boa gargalhada em vez de um LOL?
É a vida! Não é estúpida e podemos fazer dela o que bem entendermos.