Salgado, afinal, não conta com Padrão


Há dois dias escrevi que Paulo Padrão, fiel colaborador de sempre de Ricardo Salgado, voltara a trabalhar na produção de informação favorável à tentativa de recuperação da imagem do ex–banqueiro, tendo deixado a LPM semanas antes do lançamento do livro “Dias do Fim” – que originou um rol de notícias com a versão de Salgado…


Ontem, nesta mesma página, publiquei o desmentido de Paulo Padrão: afinal, nunca mais falou direta ou indiretamente com Salgado.

Sugeri que Padrão tinha tido a nobre atitude dos gratos, não seguindo o exemplo de tantos outros que se afastaram do Dono Disto Tudo mal ele caiu em desgraça – ou melhor, quando deixou de o ser.

Grato não é quem se diz agradecido, é quem agradece a outrem o que este lhe deu, independentemente da sua condição e de continuar a dar ou não, ainda que possa mas, simplesmente, não queira.

A gratidão é, para mim, a maior das virtudes. Tal como a ingratidão é o maior dos defeitos.

Se o desmentido é verdadeiro, não será então que Paulo Padrão, afinal e ao contrário do que eu penso, é ingrato e desmerecedor de tudo quanto Ricardo Salgado lhe deu no passado?

Francisco Teixeira também desmentiu, antipaticamente, o meu texto. Escreveu que Ricardo Salgado não teve nada a ver com o artigo que fez capa da “Sábado”. O desmentido foi publicado, ainda que em momento algum eu tenha escrito que o ex–banqueiro fez o que Francisco Teixeira pretende desmentir.

Mas não se fica por aqui, arrogando-se o direito, que não tem, de afirmar que “mais uma vez, fica claro que um órgão de comunicação social com ligações ao Dr. Álvaro Sobrinho insiste em publicar mentiras”. Quais mentiras? A das sucessivas retificações das declarações de impostos de Ricardo Salgado? A da prenda de milhões de um construtor que ocultou à família? A da sobreavaliação dos ativos do GES para esconder a falência do grupo? A da manipulação das contas das empresas do Grupo Espírito Santo? A da estratégia de afastar o primo para nomear Amílcar Morais Pires seu sucessor, o seu braço direito na gestão que levou à ruína do BES e do GES?

E quais ligações a Álvaro Sobrinho? O facto de o empresário luso-angolano, meu amigo, ter uma ação no valor de um euro, tal como têm todos aqueles que se empenharam na sobrevivência de um projeto jornalístico livre?

O facto de ter ajudado um amigo a manter vivo o seu sonho – um projeto jornalístico resiste às máfias e lóbis políticos e económicos que minam o futuro dos media, ingénua ou interessadamente instrumentalizados, e por isso condenados – e a tentar salvar os postos de trabalho de dezenas de jornalistas?

Álvaro Sobrinho, independentemente da sua condição e de me continuar a ajudar ou não no futuro, contará para sempre com a minha gratidão, por tudo o que investiu no passado na sobrevivência do “SOL” e do i e dos postos de trabalho sustento de tantas famílias.

Quanto a António José Vilela, diz o jornalista da “Sábado” no seu direito de resposta que, além de não falar com uma série de gente, incluindo Paulo Padrão, o seu artigo tinha muitos factos novos: curiosamente, dos que o próprio Vilela enuncia, nenhum consta da capa a que aludi, involuntariamente confirmando que a chamada (“365 dias de escutas que incriminam Ricciardi”), tal como aqui escrevi, era uma não notícia.

Relativamente aos demais pormenores, Vilela esquece-se que as suas fontes (sejam magistrados ou quem faz as investigações que transformam as peças de Vilela em artigos de chamado jornalismo de investigação) valorizam pormenores formais e técnicos juridicamente relevantes mas mediática e jornalisticamente desprezíveis. De outro modo, certamente que outros meios de comunicação, incluindo do próprio grupo Cofina (a que pertence a “Sábado”), teriam dado seguimento à “história” – e nem um o fez.

Porque Vilela certamente não desconhece – ou devia não desconhecer, uma vez que se subscreve como Grande Repórter – que as suas fontes, bem sabendo da insuficiência de provas bastantes para sustentar as suas persecutórias convicções, plantam-nas nos meios jornalísticos para produzir efeito tantas vezes mais devastador para o bom nome das suas vítimas do que uma incerta ou impossível sentença condenatória. Nuns germinam, noutros não.

Além dos direitos de resposta publicados nesta página na edição de ontem, também Luís Paixão Martins me enviou correio eletrónico esclarecendo que Paulo Padrão não era nem nunca foi diretor-geral da LPM e que saiu da empresa tão discretamente quanto entrou. Agradeço o esclarecimento e apresento o meu pedido de desculpa a Catarina Vasconcelos, diretora-geral da LPM. Fiei-me na informação da “Meios&Publicidade” – revista cuja especialidade, como o próprio título tão bem sugere, se centra em lóbis e agências de comunicação, ou seja, meio com o qual reconheço ter muito pouca familiaridade.

Salgado, afinal, não conta com Padrão


Há dois dias escrevi que Paulo Padrão, fiel colaborador de sempre de Ricardo Salgado, voltara a trabalhar na produção de informação favorável à tentativa de recuperação da imagem do ex--banqueiro, tendo deixado a LPM semanas antes do lançamento do livro “Dias do Fim” – que originou um rol de notícias com a versão de Salgado…


Ontem, nesta mesma página, publiquei o desmentido de Paulo Padrão: afinal, nunca mais falou direta ou indiretamente com Salgado.

Sugeri que Padrão tinha tido a nobre atitude dos gratos, não seguindo o exemplo de tantos outros que se afastaram do Dono Disto Tudo mal ele caiu em desgraça – ou melhor, quando deixou de o ser.

Grato não é quem se diz agradecido, é quem agradece a outrem o que este lhe deu, independentemente da sua condição e de continuar a dar ou não, ainda que possa mas, simplesmente, não queira.

A gratidão é, para mim, a maior das virtudes. Tal como a ingratidão é o maior dos defeitos.

Se o desmentido é verdadeiro, não será então que Paulo Padrão, afinal e ao contrário do que eu penso, é ingrato e desmerecedor de tudo quanto Ricardo Salgado lhe deu no passado?

Francisco Teixeira também desmentiu, antipaticamente, o meu texto. Escreveu que Ricardo Salgado não teve nada a ver com o artigo que fez capa da “Sábado”. O desmentido foi publicado, ainda que em momento algum eu tenha escrito que o ex–banqueiro fez o que Francisco Teixeira pretende desmentir.

Mas não se fica por aqui, arrogando-se o direito, que não tem, de afirmar que “mais uma vez, fica claro que um órgão de comunicação social com ligações ao Dr. Álvaro Sobrinho insiste em publicar mentiras”. Quais mentiras? A das sucessivas retificações das declarações de impostos de Ricardo Salgado? A da prenda de milhões de um construtor que ocultou à família? A da sobreavaliação dos ativos do GES para esconder a falência do grupo? A da manipulação das contas das empresas do Grupo Espírito Santo? A da estratégia de afastar o primo para nomear Amílcar Morais Pires seu sucessor, o seu braço direito na gestão que levou à ruína do BES e do GES?

E quais ligações a Álvaro Sobrinho? O facto de o empresário luso-angolano, meu amigo, ter uma ação no valor de um euro, tal como têm todos aqueles que se empenharam na sobrevivência de um projeto jornalístico livre?

O facto de ter ajudado um amigo a manter vivo o seu sonho – um projeto jornalístico resiste às máfias e lóbis políticos e económicos que minam o futuro dos media, ingénua ou interessadamente instrumentalizados, e por isso condenados – e a tentar salvar os postos de trabalho de dezenas de jornalistas?

Álvaro Sobrinho, independentemente da sua condição e de me continuar a ajudar ou não no futuro, contará para sempre com a minha gratidão, por tudo o que investiu no passado na sobrevivência do “SOL” e do i e dos postos de trabalho sustento de tantas famílias.

Quanto a António José Vilela, diz o jornalista da “Sábado” no seu direito de resposta que, além de não falar com uma série de gente, incluindo Paulo Padrão, o seu artigo tinha muitos factos novos: curiosamente, dos que o próprio Vilela enuncia, nenhum consta da capa a que aludi, involuntariamente confirmando que a chamada (“365 dias de escutas que incriminam Ricciardi”), tal como aqui escrevi, era uma não notícia.

Relativamente aos demais pormenores, Vilela esquece-se que as suas fontes (sejam magistrados ou quem faz as investigações que transformam as peças de Vilela em artigos de chamado jornalismo de investigação) valorizam pormenores formais e técnicos juridicamente relevantes mas mediática e jornalisticamente desprezíveis. De outro modo, certamente que outros meios de comunicação, incluindo do próprio grupo Cofina (a que pertence a “Sábado”), teriam dado seguimento à “história” – e nem um o fez.

Porque Vilela certamente não desconhece – ou devia não desconhecer, uma vez que se subscreve como Grande Repórter – que as suas fontes, bem sabendo da insuficiência de provas bastantes para sustentar as suas persecutórias convicções, plantam-nas nos meios jornalísticos para produzir efeito tantas vezes mais devastador para o bom nome das suas vítimas do que uma incerta ou impossível sentença condenatória. Nuns germinam, noutros não.

Além dos direitos de resposta publicados nesta página na edição de ontem, também Luís Paixão Martins me enviou correio eletrónico esclarecendo que Paulo Padrão não era nem nunca foi diretor-geral da LPM e que saiu da empresa tão discretamente quanto entrou. Agradeço o esclarecimento e apresento o meu pedido de desculpa a Catarina Vasconcelos, diretora-geral da LPM. Fiei-me na informação da “Meios&Publicidade” – revista cuja especialidade, como o próprio título tão bem sugere, se centra em lóbis e agências de comunicação, ou seja, meio com o qual reconheço ter muito pouca familiaridade.