Largas dezenas de produtores de leite e de carne protestaram ontem na zona do Porto contra o que consideram ser “o colapso dos setores”.
A manifestação juntou cerca de duas centenas de tratores com bandeiras portuguesas que percorreram a EN 13, em direção à Invicta, numa fila com vários quilómetros. A marcha lenta seguiu para junto de dois hipermercados, onde a palavra de ordem foi a defesa dos produtos nacionais.
Este protesto decorreu no mesmo dia em que o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, rumou a Bruxelas para participar numa reunião de ministros da Agricultura da União Europeia. Um encontro onde a Comissão Europeia autorizou medidas para reduzir a produção de leite e de carne de porco de forma a equilibrar o mercado. No final da reunião, Capoulas Santos revelou ainda que foi duplicado o limite para a ajuda à armazenagem de leite em pó magro e de manteiga.
Já na passada sexta-feira, cerca de 300 camiões de suinicultores do país inteiro se tinham deslocado para Lisboa, de forma a protestarem em frente ao Ministério da Agricultura. Mais uma vez foi pedida ajuda para os suinicultores que, de acordo com os manifestantes, enfrentam “graves dificuldades”.
Desespero do setor Da parte da manhã, o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal, Carlos Neves fez saber que a situação é complexa e cada vez mais grave: “O setor sentia necessidade de fazer uma grande manifestação em que todos os produtores de leite pudessem participar. Estamos, muitos de nós, a receber 20 cêntimos, 22, alguns a 25, e estão, muitos outros, obrigados a reduzir drasticamente a produção de um mês para o outro 20%. Estamos obrigados a abater animais, o que nos vai impedir de cumprir as prestações e o que tínhamos programado”.
Foi ainda reclamado que se criem “condições para escoamento, a melhores preços à produção, dos produtos agroalimentares nacionais”. A somar a este pedido está outro: “um controlo severo das importações, como está a fazer a Espanha desde há meses”.
Para os agricultores ganha ainda maior importância que as grandes superfícies “tenham em conta a produção nacional”.
Por seu lado, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) reagiu através de comunicado, lembrando que a conjuntura atual “tem origem em questões relacionadas com o funcionamento do mercado nacional e europeu que só podem ser resolvidas com a intervenção das autoridades nacionais e europeias”.
Em cima da mesa Em Bruxelas, Capoulas Santos apresentou um conjunto de medidas, entre as quais está uma tentativa de normalização “das relações com a Rússia” e a abertura “de novos mercados” para onde possam ser canalizados os excedentes europeus. O ministro falou ainda da possibilidade de os apoios poderem ser financiados pelo orçamento comunitário.