Vários moradores dos bairros histórios de Lisboa acusam os senhorios de fazerem pressão para sairem das casas arrendadas. A ideia, de acordo com os mesmos, é simples: os proprietários querem os imóveis para os explorarem no mercado de arrendamento local, um negócio considerado mais atrativo do ponto de vista monetário.
Essas acusações são transversais nos vários bairros históricos de Lisboa, que são os principais alvos de visitas por parte dos turistas. É o caso, por exemplo, do Bairro Alto, Bica e Alfama.
Esta explosão do alojamento local no centro histórico da capital é também um problema para a autarquia, que quase diariamente recebe queixas de moradores pressionados pelos senhorios a saírem das casas onde sempre viveram.
Os moradores afetados pedem “uma maior regulamentação e legislação que limite a proliferação desmedida dos alojamentos locais e hostels” e, ao mesmo tempo, defendem o “licenciamento zero para o centro histórico de Lisboa”.
Estas queixas já levaram a Secretaria de Estado do Turismo a dialogar com as associações de hotelaria e alojamento local com vista a identificar problemas na atual legislação.
O que é certo é que esta pressão não é nova. Já em 2014, um coletivo artístico lisboeta afixou cartazes por toda a baixa pombalina com o objetivo de alertar para aquilo que consideram ser um “sismo turístico” no centro da cidade. Para este grupo, o que estava a acontecer “era como a onda do maremoto: primeiro o abandono e depois a especulação. Um bairro onde não moram pessoas não é um bairro seguro e, sem um tecido social forte, há especulação privada”, afirmaram.