Todos à espera de Draghi. Mais uma vez

Todos à espera de Draghi. Mais uma vez


Perante estagnação económica da Europa, BCE deve anunciar hoje medidas de estímulo monetário


A atenção do mundo financeiro vai estar hoje centrada na reunião do Banco Central Europeu (BCE). Mario Draghi deve anunciar novas medidas de estímulo monetário para contrariar o arrefecimento da economia europeia, mas muitos economistas têm dúvidas sobre a capacidade de inverter os ventos desfavoráveis no Velho Continente, já que as medidas anunciadas anteriormente têm tido um efeito limitado.

O programa conhecido como alívio quantitativo do BCE está em curso desde 2015. Além dos convencionais cortes de juros, o banco central compra dívida pública nos mercados secundários. Além de reduzir os juros da dívida pública, dá liquidez acrescida aos bancos, que em teoria deveriam emprestar mais dinheiro e animar a economia. Além disso, impôs taxas de juros negativas nos depósitos, penalizando os bancos com dinheiro parado.

Mas a Zona Euro mantém com taxas de crescimento baixas e uma taxa de inflação ainda mais anémica, pelo que as medidas anti-deflação do BCE têm vindo a ser reforçadas. A compra de dívida pública foi prolongada para 2017 e os juros do BCE estão num mínimo histórico de 0,05%, mas a economia europeia não dá sinais de recuperação.

Os analistas antecipam agora mais descidas de juros e um reforço das medidas de alívio quantitativo.

Todos os economistas contactados pela “Bloomberg” antecipam que o banco central corte novamente os juros, já num mínimo histórico. A entrada em juros negativos é um passo pouco comum que poucos bancos centrais arriscaram fazer. O mais recente foi o do Japão, um país há décadas a combater a deflação. Cerca de 73% dos analistas ouvidos pela Bloomberg antecipam ainda que o BCE aumente a quantidade de dinheiro no sistema financeiro através do programa de compras de títulos.

“Não vai ser fácil para Draghi  trazer de volta a confiança na recuperação”, disse à agência Andreas Nigg, gestor da Vontobel Asset Management em Zurique. “O crescimento e a inflação na Europa permanecem presos em níveis baixos e as previsões de lucros continuam em queda2, continua o analista, sublinhando que o mercado precisa de “melhores surpresas económicas”.

Para Portugal, quaisquer decisões do BCE são relevantes, já que os juros baixos do país só são conseguidos devido à intervenção de Mario Draghi. “Se voltaremos ao nível de juros entre 1 a 2% ou nos encaminharemos para mais perto dos 4,5%, é difícil antecipar. Para já, aguardamos com grande expectativa o que fará amanhã o BCE, que ditará, certamente, o futuro próximo da dívida portuguesa”, assume Filipe silva, do Banco Carregosa.

João Madeira