As suspeitas sobre a fortuna de Luís Filipe Menezes, ex-presidente da Câmara Municipal de Gaia, líder do PSD e conselheiro de Estado de Cavaco Silva, cargo que deixou de exercer ontem com a posse de Marcelo Rebelo de Sousa, duram desde 2014. Em causa está o património imobiliário do político, calculado em cinco milhões de euros, que as autoridades pretendem saber de que forma foi obtido. Terça-feira, a Polícia Judiciária fez buscas na Câmara de Gaia e numa empresa municipal entretanto extinta – curiosamente, um dia antes de Luís Filipe Menezes perder a imunidade que o cargo de conselheiro de Estado lhe garantia. Quando as primeiras notícias surgiram na comunicação social, o ex-autarca reagiu de forma violenta.
Como o “SOL” noticiou na altura, Luís Filipe Menezes escreveu no Facebook que “foi com revolta e perplexidade” que viu a notícia do “Correio da Manhã” e ameaçou processar os jornalistas daquele diário e da “Visão” que o davam como suspeito num caso sob investigação do Ministério Público. As mensagens de Menezes apareceram ilustradas no Facebook com um cartaz ao estilo do Velho Oeste.
Os dizeres “wanted” e uma mancha vermelha cor de sangue dão o mote aos comentários que o antigo líder do PSD faz naquela rede social sobre as notícias de que foi alvo.
“O inefável Miguel Carvalho [jornalista da “Visão” que assina a peça] volta ao ataque amanhã na ‘Visão’, onde incompreensivelmente continua asilado. Faz uma primeira página superofensiva a atingir o PSD”, reagia Menezes num longo post.
Menezes achava-se vítima de um esquema para o incriminar e dizia mesmo que a notícia da “Visão” misturava “alhos com bugalhos”.
“Mas onde entro eu no meio desses milhões para lá esparralhados [sic]? No sítio do costume. Como a ideia inicial, a encomenda, era chatear-me tinha que se meter lá no meio o Menezes à pressão”, ataca, lembrando que as empresas de comunicação de Cristina Ferreira que aparecem no artigo da “Visão” também trabalharam para as campanhas de Rui Rio e Cavaco Silva.
De resto, Luís Filipe Menezes assegurava que só conheceu Cristina Ferreira “há cerca de dois anos e por breves momentos”. E garantia apenas ter conhecimento “de uma pequena campanha” feita por uma empresa de Cristina Ferreira a meio do seu último mandato na Câmara de Gaia, “fora de qualquer contexto eleitoral”.
“Quanto aos dictates [sic] sobre alguns ajustes diretos, poucos, e procedimento normal, realizados no meu último mandato, posso dizer que todos foram legais e escorreitos”, escreveu Menezes no Facebook.
O ex-autarca também não poupava críticas à história do “Correio da Manhã”, que dava conta de uma investigação por enriquecimento ilícito, ameaçando recorrer aos tribunais e lembrando que “a jornalista [que assina a peça] é a mesma” que já teve de o “indemnizar por ser condenada em tribunal por difamação”.