Marcelo Rebelo de Sousa toma hoje posse como Presidente da República e os portugueses terão as melhores expetativas sobre a sua contribuição para a solução dos graves problemas nacionais, tais como: credibilizar o sistema político, promover o crescimento económico, criar novos empregos e pagar a dívida. Ou, não menos importante, a sua contribuição para a definição de uma estratégia para o desenvolvimento de Portugal no contexto da União Europeia e da globalização. O país precisa de tudo isto, pelo menos mais que de afetos.
Infelizmente, os portugueses deveriam também saber que os seres humanos raramente mudam e que a probabilidade é que sejam no futuro a continuidade do que foram no passado. No caso do prof. Marcelo Rebelo de Sousa, a probabilidade é que continue a ser amigo do seu amigo, comunicador emérito, criativo até ao limite e irrequieto quanto baste. Esta última qualidade já está a marcar a agenda nacional, desde o conjunto de atividades e festas do seu frenético primeiro dia em Belém até ao dia 10 de junho, com parada militar em Lisboa e discursos em Paris. Quem estiver habituado a dormir que se cuide.
Claro que nenhuma destas atividades contribui para resolver os grandes problemas nacionais e, por isso, para que não tenhamos de esperar muito tempo, proponho uma primeira experiência sobre as reais expectativas que devemos ter acerca do novo Presidente da República. Oportunidade que me surgiu por força da anunciada luta entre setores da maçonaria pelo controlo dos serviços secretos da República, SIRP, como uma via de domínio dos interesses económicos que há muito caracteriza a política nacional. A lista é longa: BPN, BPP, BES/GES, Banco de Portugal, Banif, casos Sócrates, vistos gold, Ongoing e Angola, entre muitos outros.
Segundo o semanário “Expresso”, Marcelo Rebelo de Sousa já recebeu o secretário-geral dos Serviços de Informação da República (SIRP), Júlio Pereira, e resta saber agora o que fará como Presidente da República:
Atuará no sentido da transparência do sistema político e dos atos da governação, contribuindo para limpar os serviços secretos da República da influência de todas as instituições secretas, contribuindo para a nomeação de dirigentes com provas dadas de honradez, independência e convicções democráticas;
Ou
Fará de conta que não se passa nada, que não se sabe de nada e com os mesmos dirigentes, ou com outros semelhantes, permitirá que ao secretismo natural dos serviços de informação da democracia portuguesa se some, como até aqui, o secretismo dos interesses políticos e económicos que estão a destruir a nação portuguesa.
Espero que este tema seja considerado suficientemente importante de forma a justificar a intervenção do Presidente da República. Por mim, espero para ver.
*Subscritor do manifesto Democracia e Liberdade